O município do Rio de Janeiro, apesar de ser o mais populoso do estado, abriga importantes
remanescentes de Mata Atlântica que desempenham um papel fundamental na proteção das
bacias hidrográficas, na prevenção da erosão do solo, no equilíbrio climático da cidade, e na
conservação da biodiversidade do bioma. O Maciço da Pedra Branca, um dos mais importantes
remanescentes florestais cariocas, encontra-se inserido integralmente no município do Rio de
Janeiro, abrigando em suas florestas, o Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB). Trata-se de
uma Unidade de Conservação de Proteção Integral que ocupa cerca de 10% do território do
município, fato que a faz ser considerada uma das maiores florestas urbanas do mundo. A
família Myrtaceae tem o seu centro de diversidade localizado no bioma Mata Atlântica, com
destaque para o estado do Rio de Janeiro que é a UF com maior riqueza de espécies para a
família. Myrtaceae é considerada uma das famílias mais importantes na riqueza e estrutura de
diferentes fitofisionomias da Mata Atlântica, sendo apontada em estudos recentes como um
“táxon modelo” para indicar áreas prioritárias para a conservação no bioma, podendo ser usada
como uma ferramenta para a conservação da diversidade de plantas. O presente estudo teve
como o objetivo, conhecer a composição florística, o grau de endemismo e o estado de
conservação de Myrtaceae nas diferentes áreas amostradas, do Parque Estadual da Pedra
Branca. Como resultado da pesquisa, foi elaborada uma lista florística atualizada da família
Myrtaceae para o Parque Estadual da Pedra Branca, com 62 táxons, subordinados a nove
gêneros, contendo 59 nomes de espécies e três no nível de gênero, subordinadas a nove gêneros:
Campomanesia Ruiz et Pav. (3 spp.), Eugenia L. (22 spp.), Myrceugenia O.Berg (1 sp.), Myrcia
DC. (24 spp.), Myrciaria O.Berg (5 spp.), Neomitranthes Kausel ex D.Legrand (1 sp.), Plinia
L. (2 spp.), Psidium L. (2 spp.) e Syzygium Gaertn. (2 spp.). Foram levantadas 41 espécies
endêmicas da Mata Atlântica. Para as espécies ameaçadas de extinção, o presente estudo
resultou em uma lista com 10 espécies categorizadas em algum grau de ameaça, de acordo com
a Lista Vermelha do CNCFlora. Das 59 espécies listadas para o Parque, três são novos registros
para o estado do Rio, e 14 são novos registros para o Parque Estadual da Pedra Branca. Os
resultados obtidos contribuíram significativamente para aumentar o conhecimento da família
Myrtaceae na flora do PEPB, e corroboram com os estudos realizados com a família no bioma
Mata Atlântica, demonstrando que Myrtaceae desempenha um importante papel na flora do
Parque Estadual da Pedra Branca.