Descrição:
Introdução: Este projeto explora questões relacionadas ao ensino e a aprendizagem de línguas, considerando crenças, experiências e abordagens sobre temas como: tecnologias digitais, material didático, leitura e produção de textos. O foco são as crenças, as experiências e as abordagens sobre essas temáticas no contexto do ensino de línguas. As crenças são um conceito bastante antigo explorado por várias ciências, tais como: antropologia, sociologia, psicologia, filosofia etc. As experiências estão atreladas às nossas atividades diárias, que por sua vez influenciam as crenças que temos sobre essas mesmas atividades. Em sentido amplo, podemos afirmar que as experiências são a fonte do conhecimento humano, e, por esse motivo, são importantes para a investigação científica (BARCELOS, 2004; MICOLLI, 2010). As abordagens estão ligadas às crenças e às ações de professores, de alunos, bem como às concepções do material didático. O nosso interesse é, portanto, explorar as crenças, as experiências e as abordagens de professores, de alunos e de abordagens. Promover a realização de investigações sobre o uso de tecnologias digitais, material didático, leitura e produção textual no ensino de línguas, tomando como foco crenças, experiências e abordagens de professores e alunos e materiais utilizados. Objetivos específicos: Estudar teorias sobre crenças, experiências, abordagens ligadas às tecnologias digitais, material didático, leitura e produção textual aplicadas ao ensino de línguas; Explorar aspectos teórico-metodológicos relativo ao estudo das crenças, experiências e abordagens na Linguística Aplicada; Identificar crenças, experiências e abordagens de professores, alunos; Refletir sobre a inserção das tecnologias digitais na sociedade e no contexto do ensino de línguas; Discutir crenças e abordagens sobre materiais didáticos no ensino de línguas; Refletir sobre abordagens de ensino de leitura e de produção textual.Problematização/Justificativa do tema: Esta proposta tem como objetivo explorar as tecnologias digitais, os materiais didáticos, a leitura e a produção textual, considerando as crenças, as experiências e as abordagens circulam na sala de aula de línguas. No que diz respeito às crenças, podemos afirmar que são um conceito bastante antigo e fundamental para compreendermos a razão de nossas ações, ou seja, entendermos porque professores agem da maneira que agem. O estudo das crenças sobre o ensino-aprendizagem de línguas tem sido objeto de investigação da Linguística Aplicada no Brasil e no exterior, desde 1980. Por ser uma forma de pensamento, construídas a partir de nossas experiências, as crenças são instáveis e emergentes, sociais e individuais com um grande valor para a investigação científica no campo das ciências humanas (BARCELOS, 2006). Muitos são os termos utilizados pelos pesquisadores para indicar a relação da ação com as crenças, por exemplo, imagens, concepções, representações, teorias, cultura (BARCELOS, 2004). Por ser uma área com essas características investigativas de dispersão semântica, as crenças são consideradas um tema paradoxal, complexo e confuso, com uma conotação afetiva e avaliadora, conforme aponta Pajares (1992). Esse posicionamento de Pajares diferencia o significado de crenças com o significado de conhecimento, pois para ele a distinção entre um e o outro se dá pelo fato de as crenças carregarem um traço emocional. Para Barcelos (2006, p. 18), uma das principais pesquisadoras sobre as crenças no ensino-aprendizagem, as crenças são “como uma forma de pensamento, como construções da realidade, maneiras de ver e perceber o mundo e seus fenômenos, co-construídas em nossas experiências e resultantes de um processo interativo de interpretação e (re)significação”. Com base nessa proposição de Barcelos ((2006), a qual utilizamos neste estudo, a maioria das coisas que construímos cognitivamente, em nossa vida, se materializa por meio das experiências adquiridas em nossas interações humanas. Como ressalta Miccoli (2010b, p. 29), “todas as experiências vivenciadas são processos que envolvem dinâmicas relacionais e interacionais”. Esses episódios de nossa história nos ajudam a representar o mundo e a construir a nossa compreensão e a nossa identidade social. O ensino-aprendizagem de línguas com o uso diversificado de material didático, incluindo o uso das tecnologias digitais, tem se tornado um grande desafio para os professores em serviço na escola pública.
O campo da pesquisa sobre as experiências está atrelado às nossas atividades diárias, que, por sua vez, influenciam as nossas crenças e as expectativas que temos sobre essas mesmas atividades (MICCOLI, 2010b). Discutir os elementos constitutivos das experiências humanas, dessa maneira, pode ser visto como uma forma de refletir sobre as abordagens, as interações e o uso da linguagem nas práticas sociais, no nosso caso específico, o espaço da sala de aula. Segundo Miccoli (2010a, p, 142), “a definição de experiência é complexa por remeter a uma constelação de eventos nela aninhados”. Essa complexidade das experiências está ligada aos diversos aspectos que se inter-relacionam no processo de formação do indivíduo. Podemos afirmar que as experiências são, em grande parte, uma das principais fontes de todo conhecimento humano, e, por esse motivo, são importantes para a investigação científica e, sobretudo, para a pesquisa sobre crenças.
Assim sendo, investigar as experiências e as crenças de professores sobre o material didático e as tecnologias digitais usados no ensino de línguas é, a nosso ver, emergente, haja vista a relevância direta na qualidade do processo de aprender e de ensinar. O material didático, que pode ser compreendido como tecnologias (velhas), desde muito tempo tem sido usado no ensino de línguas. Já as tecnologias digitais são algo mais recente, e têm sido instrumento de poder no meio social. É uma ferramenta de poder, na medida em que implica dominação de elementos sociais, e, consequentemente, dos sujeitos. Assim sendo, com as inovações tecnológicas, os homens cada vez mais avançam na busca do domínio desses elementos. A educação também pode ter uma articulação poderosa com as TIC. As inovações tecnológicas podem ser de grande contribuição à mediação entre professores, alunos e conhecimento (KENSKI, 2012). Entretanto, segundo Moran (2013, p. 11), “o avanço do mundo digital traz inúmeras possibilidades, ao mesmo tempo em que deixa perplexas as instituições sobre o que manter, o que alterar, o que adotar.” Para esse autor, não é há uma resposta simples, não existe a certeza de que o uso da tecnologia a escola terá um resultado expressivo. Em síntese, parece que a garantia do sucesso ainda depende por fim da mediação do professor, do gestor e de um bom projeto político pedagógico (MASETTO, 2013). Nosso escopo com este projeto, portanto, é discutir o uso de material didático em língua estrangeira e a sua relação com as TIC no espaço da escola pública. Temos a convicção de que as tecnologias digitais exercem um fascínio e um poder sobre as pessoas, contudo, precisamos descobrir até que ponto esses mecanismos são positivos para o avanço metodológico da educação. Acreditamos que as experiências e as crenças dos professores podem nos dizer muito sobre os limites do uso do material didático e as tecnologias digitais no ambiente de ensino-aprendizagem de línguas. Procedimentos metodológicos: NATUREZA DA PROPOSTA: O foco deste projeto é a interpretação que os sujeitos fazem de seus contextos. Segundo alguns linguistas aplicados (NUNAN, 1992; SIGNORINI, 2005), a abordagem qualitativo-interpretativista é a mais adequada para a investigação de temas complexos, com características que envolvem a cognição, a heterogeneidade, o social, individual e o emergente, como é o caso das crenças e das experiências. Para o pesquisador qualitativo o que importa é o que os participantes estão vivenciando e como interpretam as suas experiências e o mundo em que vivem. De fato, o enfoque qualitativo e a interpretação dos significados atribuídos pelos informantes desta investigação fazem esta pesquisa se aproximar do que Erickson (1986, p. 213) intitula pesquisa interpretativista de cunho etnográfico. CARACTERIZAÇÃO DAS PESQUISAS - Por se tratar de um projeto que utiliza os instrumentos do método etnográfico, esta proposta é composta de trabalho de campo com uma participação colaborativa de sujeitos participantes do universo escolar, com foco na linguagem. Os sujeitos participantes desta proposta poderão ser professores, alunos de escolas públicas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, ou ainda do ensino superior. Outra fonte de dados poderá ser os materiais didáticos presentes no ensino de línguas. Para a coleta do corpus, poderemos utilizar, questionário, entrevista e o instrumento de pesquisa denominado de autorrelato. Os autorrelatos são narrativas orais ou escritas sobre as experiências da vida pessoal. Perspectivas de repercussão/Impactos no ensino: Nosso projeto visa ao fortalecimento da formação intelectual, investigativa e didático-pedagógica dos alunos do PPGE e de outros alunos envolvidos com pesquisa. Nosso escopo é contribuir com reflexões sobre o uso das tecnologias digitais, o uso de materiais didáticos, ensino de leitura e de produção de textos no contexto do ensino de línguas.