O Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal estão entre os grandes biomas brasileiros, os quais despertam a curiosidade do meio científico. Quanto a compreensão paleoambiental dos ambientes supracitados há uma lacuna quanto as respostas vegetacionais ante as mudanças climáticas, sobretudo a correlação entres ambientes atualmente distintos, tais como o Cerrado no município de Jardim/MS, localizado entre a Serra da Bodoquena e a Depressão do Miranda, o Parque Nacional do Iguaçu, abrangendo quatorze municípios do estado do Paraná apresentando áreas de Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófla Mista, e a Nhecolândia, localizada na porção sul do megaleque do rio Taquari nos municípios de Corumbá, Miranda e Aquidauana no estado do Mato Grosso do Sul. Por meio de analise multiproxy (fitólitos, espículas de esponjas, diatomáceas, análises isotópicas, geoquímicas e datações absolutas) em material coletado: a) Jardim – Lagoa Bonita e Lagoa Grande; b) Parque Nacional do Iguaçu – Lagoa Azul; c) Nhecolândia – Lagoa Salina Máscara e Babaçu; inferiu-se condições paleoambientais e paleovegetacionais nas regiões, bem como sua correlação aos eventos Bond (eventos demarcados como resfriamento do Hemisfério Norte). As datações remeteram ao Holoceno Superior, possibilitando a correlação do material amostrado com os eventos Bond 1 e 2. A Lagoa Bonita apresentou três zonas distintas, alterando de ambiente mais árido na zona I, para ambiente com oscilações entre períodos quentes e úmido e quentes e seco na zona II e III. A Lagoa Grande caracterizou-se por duas zonas, a primeira mais árida que a atual, com incremento de umidade na zona II, e condições mais secas com recuo da lagoa em 130 anos Cal AP. A Lagoa Rancho Novo apresentou quatro zona, a zona I mais árida e possivelmente intempérica, zona II com incremento de umidade, zona III com retorno de condições secas e zona IV de 765 anos Cal AP ao presente marcada pelo incremento de umidade. A Lagoa Azul apresentou apenas uma zona marcada por ambiente úmido com representatividade de espécies de Pteridófita, sugerindo ser a área refúgio florestal. A Lagoa Salina Babaçu caracterizou-se por três zona distintas, sendo a zona I mais árida, a zona II demarcada pelo aumento de umidade com predominância de espécies dicotiledôneas, e a zona III marcada por maior incremento de umidade e tempo de residência da lâmina d´água. A Lagoa Salina Máscara apresentou apenas uma zona com picos de umidade, dentre eles um demarcado a 1.650 anos Cal AP. Para a Lagoa Grande, Lagoa Rancho Novo e Lagoa Salina Máscara ambientes mais úmidos e quentes foram evidenciados para idades correspondentes aos eventos Bond 1 e 2.