A paisagem urbana altamente fragmentada, fruto do desordenado uso do solo, traz à tona a centralidade das áreas verdes urbanas no contexto atual das cidades, levantando a necessidade de um planejamento urbano pautado nas premissas do planejamento da paisagem. Diferentemente das Áreas Naturais Protegidas estabelecidas em áreas mais afastadas das cidades, os fragmentos florestais urbanos têm a difícil tarefa de conciliar conservação da natureza com as demais funções socioambientais inerentes às áreas verdes urbanas, tais como lazer, recreação e contemplação. A pesquisa parte da hipótese de que os fragmentos florestais urbanos não são iguais e podem exercer funções diferenciadas, a depender de suas características estruturais e contexto do entorno. Dessa forma, teve como principal objetivo propor uma classificação dos fragmentos florestais urbanos localizados na bacia do córrego Cleópatra/Moscados, na região central da cidade de Maringá, PR, baseando-se em análise multicritérios que caracterizam as principais funções que cada fragmento exerce no meio urbano, a fim de propor um plano de zoneamento integrado como subsídio ao planejamento da paisagem urbana. Para alcançar tal objetivo, desenvolveu-se um método para o estudo dos fragmentos florestais urbanos, nutrindo-se dos conceitos da Ecologia da Paisagem e da análise geográfica. Foram atribuindos valores de acordo com uma série de critérios e parâmetros que findam categorizar os fragmentos quanto ao seu estado prioritário para conservação e, a partir disso, estabelecer classificação que condiz com o perfil de uso destes fragmentos, resultando em um zoneamento prévio. Os resultados demonstram que, mesmo observando certa recomposição da vegetação, a paisagem se encontra altamente degradada, demonstrando que o histórico de uso e a configuração espacial da paisagem influenciam diretamente na dinâmica florestal destes espaços. O zoneamento resultante pode garantir que grande parte das funções inerentes aos fragmentos florestais urbanos sejam aproveitadas, auxiliando na gestão destes espaços, garantindo que cada área seja administrada e manejada de acordo com a sua função primordial. As áreas em que a vegetação se encontra em melhores condições devem ser mais direcionadas à preservação, somente; as áreas mais degradadas devem ter um manejo orientado pela conciliação da conservação com o uso público. Observou-se um padrão espacial na degradação dos fundos de vale, que figuraram no zoneamento apresentado. As áreas de uso restrito se encontram no médio curso dos córregos Cleópatra e Moscados e os de uso extensivo no baixo curso, o que coloca em dúvia o suposto uso destas áreas para o lazer, ao mesmo tempo em que se nota o descaso da administração pública para com as áreas mais afastadas da bacia.