O trabalho consistiu em analisar a distribuição da cobertura florestal remanescente frente às mudanças na paisagem, intensificadas pela atividade agrária, principalmente a agricultura mecanizada. A Região Norte Central Paranaense foi marcada por um rápido processo de desmatamento e de fragmentação florestal. Como forma de compreender o processo que se deu a partir do desmatamento, e, no conjunto, um aumento das áreas florestadas, analisouse, no período entre os anos de 1976 e 2016, as mudanças relacionadas ao surgimento de novos fragmentos florestais, como observado nos mapas de uso da terra. A partir das análises biogeográficas, buscou-se avaliar o estágio de evolução dos fragmentos florestais do quadrante delimitado como recorte de pesquisa, considerando os estágios sucessionais, a quantidade de estratos, a forma dos fragmentos, a relação perímetro/área. Elementos que, juntamente com os levantamentos bibliográficos e de campo, possibilitaram compreender as transformações ocorridas nos fragmentos florestais, distribuídos predominantemente em Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais. O estudo foi desenvolvido especificamente em um quadrante delimitado entre os paralelos de 23º04’45” a 23º24’56”, de latitude sul, e meridianos de 51º52’44” a 51º32’49”, de longitude oeste, com uma área aproximada de 1.264 km², e abrangendo diferentes aspectos do meio físico, principalmente quanto à formação geológica e pedológica e ao relevo, no contato arenito/basalto. Evidenciouse a distribuição desigual dos fragmentos florestais, dispostos em um maior percentual nas áreas próximas ao rio Pirapó, em terreno mais acidentado e menos mecanizável, relativamente ao terreno de seu afluente, o rio Bandeirantes do Norte, mais aplainado e mecanizável. A pesquisa possibilitou a interpretação das mudanças na paisagem, tanto no que se refere ao quadro natural, como na ocupação e organização do território, com foco na atividade agropecuária. Os resultados mostraram que houve aumento no número de fragmentos florestais; em 1976, a classe de vegetação densa/mata correspondia a 3,07% da área, passando para 7,41%, em 2016. Aumento também observado no número de fragmentos, de 672, em 1976, passando para 3.882 fragmentos, em 2016, principalmente nas Áreas de Preservação Permanente, fato relacionado com a aplicação da legislação ambiental, principalmente nas áreas de APP e RL. Considerando os aspectos sucessionais dos fragmentos, no conjunto, os remanescentes apresentam predomínio de espécies pioneiras e secundárias iniciais nos quadrantes (I e II), além da ocorrência de espécies invasoras, nas formações de domínio do arenito; já nos quadrantes (III e IV), sobre o basalto, observou-se melhor condição em relação à recomposição em direção ao clímax sucessional.