A luta pela inclusão das pessoas surdas nos espaços sociais é antiga, devido às especificidades dessa minoria linguística e cultural que enfrentou, por séculos, a exclusão social, gerando não só a dificuldade de acesso aos locais, mas também aos assuntos científicos. Os museus de ciências são espaços científicos e culturais, que podem atuar na inclusão social por meio da divulgação científica, sendo pouco explorados nesse contexto, especialmente quanto aos visitantes surdos usuários da Libras como primeira língua. Assim, no presente estudo, visou-se entender como quatro jovens com surdez profunda, representantes desse público e estudantes da área de acessibilidade, experienciavam a visitação a três espaços de ciência da cidade do Rio de Janeiro, no ano de 2019: o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Museu Light de Energia e a exposição temporária “Cidade Acessível” no Salão de Exposições Temporárias do Museu da Vida, na Fiocruz. Foram realizadas visitas técnicas pela pesquisadora que permitissem antecipar questões fundamentais para a pesquisa, como a necessidade de contratação de intérpretes. O grupo participou de entrevistas semiestruturadas antes e após as visitas com o objetivo de conhecer: a) suas experiências prévias quanto à ciência e aos espaços museais; b) suas relações sociais e familiares; e c) suas percepções sobre os espaços de ciência, as questões de inclusão e os recursos de acessibilidade apresentados. As visitas foram também registradas em vídeo, pelo método da câmera subjetiva, a fim de capturá-las pelo olhar do visitante e da pesquisadora, obtendo assim, o registro integral das falas em Libras. Os vídeos foram analisados quanto ao conteúdo das conversas e interações dos participantes ao longo da visitação com o auxílio do software Dedoose®. Os dados obtidos nos vídeos e entrevistas foram cruzados, sendo possível perceber correlações entre os conhecimentos científicos e as experiências cotidianas dos participantes, possibilitando trazer o contexto social e tecnológico da ciência nos museus de ciência. Foi notada ainda, a associação entre as relações familiares, as experiências prévias com museus e o desenvolvimento cognitivo dos jovens, podendo influenciar sua compreensão dos objetos expositivos e a necessidade de recursos assistivos que transponham as barreiras comunicacionais. A acessibilidade atitudinal esteve presente nas visitas, porém é ainda insuficiente nos espaços de ciências visitados, já que ainda não apresentam profissionais surdos ou capacitados para o atendimento dos surdos desde a recepção até a mediação. Dessa forma, baseado nas opiniões dos participantes da pesquisa e nas interações ocorridas nos vídeos, o trabalho aponta para a necessidade de mais Políticas Institucionais que tornem as práticas museais mais eficientes e adequadas para o atendimento do público surdo, seja com a contratação de profissionais especializados e surdos, ou com a elaboração de mais recursos que auxiliem a sua visitação autônoma.