A presente dissertação de mestrado teve por objetivo caracterizar arqueologicamente os assentamentos pré-coloniais existentes na comunidade ribeirinha de São José do Amparo, município de Tonantins-AM, na região do Alto Rio Solimões. À luz da bibliografia existente sobre a arqueologia comunitária, elaboramos uma abordagem que embasou as negociações com os líderes comunitários e através dela fomos capazes de manter o engajamento parcial e frequente de moradores durante as duas grandes etapas do projeto: a delimitação e a escavação de uma unidade. Na primeira etapa delimitamos o sítio São José que possui duas áreas bem marcadas, uma área de terra preta e outra de terra mulata, além de identificarmos dois padrões distintos de enterramentos dos recipientes mortuários. Na segunda, escavamos uma unidade de 2 X 2 m cujo contexto nos permitiu definir a existência de dois complexos cerâmicos já classificados por Peter Paul Hilbert na década de 1960: as cerâmicas da fase São Joaquim e Santa Luzia, e registrar um enterramento coletivo de recipientes funerários da Fase São Joaquim. A grande elaboração do contexto funerário sugere que a morte pode ter sido no passado um importante ordenador espacial e social da vida, uma vez que a partir desse evento foram organizados ritos e cerimoniais, bem como artefatos foram especialmente elaborados. Por fim, as análises cerâmicas demonstraram para além destes dois complexos, um terceiro complexo com elementos compartilhados de ambas as fases, que expressa a relação da cerâmica São Joaquim com a fase Napo do Equador, essa última historicamente associada aos Omágua