No Brasil muitos cidadãos apresentam algum tipo de deficiência. Assim, foram criadas normas para inclusão dessas pessoas na sociedade e no mercado de trabalho. No entanto, mesmo com essas leis que asseguram inclusive ofertas de empregos para os deficientes, as empresas tem tido dificuldades na hora de contratar por falta de mão de obra qualificada. Nesse contexto, propôs-se trabalhar com treinamentos em manipulação de alimentos para deficientes visuais (cegos e de baixa visão). O objetivo deste trabalho foi oferecer aos deficientes visuais treinamento profissional em segurança alimentar e nutricional, para contribuir com a inserção dos mesmos no mercado de trabalho como manipuladores de alimentos em Unidades de Alimentação e Nutrição, através do desenvolvimento de ferramentas pedagógicas adaptadas. O trabalho desenvolvido foi uma metodologia de intervenção do tipo pesquisa-ação na Unidade de Alimentação e Nutrição do Instituto de Cegos do Brasil Central, instituição filantrópica localizada em Uberaba/MG e que atende alunos no regime de internato, semi- internato e alunos externos de toda região. O estudo apresentou três grupos de intervenção: visão normal, baixa visão e cegos. Cada grupo passou isoladamente por avaliações anteriores e posteriores ao treinamento aplicado, uma de cunho teórico com aplicação de um questionário estruturado sobre questões relativas às boas práticas na fabricação de alimentos e outra avaliação prática em que os participantes manipularam alimentos enquanto eram avaliados por meio da lista de verificação também sobre o mesmo assunto. Mediante avaliação inicial, realizou-se o treinamento com as equipes em momentos diferenciados. O grupo de visão normal recebeu treinamento a partir de metodologias tradicionais com utilização de data show, já os grupos de baixa visão e cegos receberam treinamentos a partir de recursos que exploravam resíduo visual, tato, olfato e audição. Para análise dos tratamentos, os dados foram submetidos ao teste não paramétrico conhecido como teste dos sinais. Na avaliação do questionário estruturado, todos os grupos apresentaram média considerada excelente após o treinamento, sendo o grupo de cegos o que apresentou maior evolução de antes para após o treinamento passando do conceito de “bom” para “excelente”. Na avaliação prática a partir da lista de verificação, todos os grupos também apresentaram evolução de conceitos. Portanto, a inclusão profissional de alunos cegos e de baixa visão é possível na área de manipulação de alimentos desde que sejam utilizados todos os recursos que contribuam para essa abordagem. Isto deve ser feito através do uso de ferramentas de aprendizagem compatíveis com a deficiência visual apresentada e a adaptação do ambiente. No entanto, sugere-se a realização de mais estudos com maior número de participantes.