As metaloproteinases de matriz do tipo 2 (MMP-2) são endopeptidases dependentes de cálcio, capazes de, dentre outras funções, degradarem os componentes da matriz extracelular. A expressão dessas enzimas nos rins é complexa, mas sabe-se que está presente nos glomérulos e túbulos renais. Vários fatores podem ativar essa metaloproteinase como, por exemplo, o estresse oxidativo, que faz isso expondo o seu sítio catalítico. Sabe-se que o aumento da atividade da MMP-2 está presente no desenvolvimento e progressão de doenças renais, e a sua inibição tem sido valorizada como uma importante estratégia para o tratamento destas doenças. A hipótese deste estudo é que a administração in vivo da MMP-2 leve ao aumento do estresse oxidativo, causando alterações renais. E que o uso do antioxidante Tempol pode diminuir essas alterações. Para avaliação desta hipótese, camundongos receberam MMP-2 recombinante (150ng/g, via i.p.) diariamente durante 4 semanas, sendo tratados ou não com o antioxidante Tempol (18 mg/kg/dia) por gavagem. Animais controles receberam salina por via intraperitoneal. Ao fim do protocolo, foram colhidos o sangue total para obtenção do plasma e os rins. O plasma foi utilizado para a determinação de ureia e creatinina. Um dos rins foi fixados para histologia e o outro congelado para avaliação da peroxidação lipídica através da quantificação das espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), das espécies reativas de oxigênio (ERO) por dihidroetideo (DHE), atividade da superóxido dismutase (SOD), da catalase (CAT), níveis de glutationa (GSH), atividade da mieloperoxidase (MPO), atividade gelanolítica por meio de Zimografia em gel e in situ, e imunohistoquímica para verificar os níveis teciduais de MMP-2, do inibidor tecidual de MMPs (TIMP-2) e de 3-nitrotirosina. Para a análise estatística utilizamos ANOVA two way, seguido por teste Sidak’s post-hoc (p<0.05). Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de ureia plasmáticos (p>0,05), diferente da creatinina, que apresentou aumento significativo no grupo MMP-2 tratado com Tempol (p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de TBARS (p>0,05). A atividade tecidual da SOD não sofreu alteração significativa (p>0,05), já a CAT teve sua atividade diminuída no grupo MMP-2 tratado com água (p<0,05). Os níveis de GSH foram aumentados nos grupos MMP-2 tratados ou não com Tempol (p<0,05). A atividade da Mieloperoxidase aumentou significativamente (p<0,05) no grupo MMP-2 tratado com Tempol. O aumento da fluorescência vermelha evidenciou um aumento tecidual de ERO nos grupos MMP-2 tratados ou não com Tempol (p<0,05). Não foram encontradas diferenças significativas na zimografia in situ (p>0,05). A análise da zimografia em gel evidenciou uma maior atividade gelatinolítica no grupo que recebeu injeções diárias da metaloproteinase tratado com Tempol (p<0,05). As análises imunohistoquímicas demonstraram um aumento significativo (p<0,05) dos níveis de MMP-2 e 3-nitrotirosina no tecido renal dos animais que receberam a protease tratados ou não com o antioxidante. Não foram encontradas alterações nos níveis de TIMP-2 (p>0,05). Nossos resultados sugerem que a administração de MMP-2 causou alterações renais leves, e que o tratamento com Tempol não foi capaz de reverter estes danos, causando ainda mais prejuízo quando administrado concomitante à MMP-2.