Em 1498 os portugueses chegaram ao Oriente, onde estabeleceram uma rede de comércio, feitorias e fortalezas. A expansão da fé católica no Oriente foi fundamental como um dos pilares da sustentação do poder político português. O projeto de conversão dos nativos visava homogeneizar as sociedades locais e estabelecer um vínculo de fidelidade ao Rei de Portugal. A presente tese analisa as iniciativas de coerção à conversão e de doutrinação dos pueris nativos – meninos entre sete e quatorze anos de idade – em territórios da Índia que estiveram sob a influência portuguesa, sobretudo em Goa entre os séculos XVI e XVII. Nossa pesquisa evidencia que os jesuítas, o Pai dos Cristãos, bem com demais autoridades coloniais serviram-se dos pueris nativos para múltiplas tarefas, inclusive a favor da própria expansão do catolicismo no Oriente. O recrutamento de meninos nativos no Colégio de São Paulo foi fomentado por décadas e visava também a expansão do projeto civilizatório pela fé. Discutimos, desta forma, como os meninos foram convertidos, doutrinados e disciplinados para serem incorporados às missões e ao projeto colonial de expansão. Para tanto analisamos diferentes fontes, como cartas e alvarás do rei de Portugal e do vice-rei do Estado da Índia, decretos dos Concílios Provinciais de Goa, uma compilação de leis sobre a cristianização que envolvia o Pai dos Cristãos, bem como registros de alforria elaborados pelo mesmo e cartas dos jesuítas que missionaram no Oriente.