O presente estudo interpretativo, de natureza qualitativa, teve como objetivo geral analisar
criticamente discursos hegemônicos e ideologicamente marcados em notícias sobre atores
sociais negros no webjornalismo brasileiro. Para tanto, fundamentamo-nos na noção de
discurso como prática social e nos postulados da Análise de Discurso Crítica (ADC), de
Fairclough (2001; 2003) e Van Dijk (2001; 2019), com seus estudos críticos acerca do
racismo, bem como as diversas teorias as quais a ADC operacionaliza – a noção de Ideologia,
inerentemente negativa, difundida por Thompson (1995) e o poder como hegemonia de
Gramsci (1995). Para concretização da pesquisa, partimos da seguinte questão: Como as
marcas textuais-discursivas funcionam para a construção hegemônico-ideológica sobre atores
sociais negros no webjornalismo brasileiro? Como justificativa para realização do estudo,
visamos levantar inquietações mediante as problemáticas sociais, em uma conjuntura atual, na
qual observamos previamente a emergência de práticas discursivas discriminatórias
institucionalizadas. Para constituição do corpus, selecionamos notícias veiculadas no portal
G1, no período de 2019, 2020 e 2021, envolvendo atores sociais negros. Por conseguinte,
analisamos com base nas categorias de análise situadas na ADC: a representação de atores
sociais e a transitividade. Ao final da pesquisa, no que concerce ao gênero digital
webjornalismo (significado acional), verificamos como sua marca, além do conteúdo
essencialmente noticioso, o uso de hiperlinks e a possibilidade de uma leitura não-linear, bem
como a facilidade no compartilhamento e disseminação da notícia em redes sociais. Quanto
ao estilo (significado identificacional), o G1 apresenta a (tentativa de) isenção ao noticiar
acontecimentos que envolvam o racismo de maneira explícita. No que se refere ao discurso
(significado representacional), a presença de negros na notícia não necessariamente significa
uma representatividade empoderada no portal. É preciso colocar esses participantes como
agentes ativos em orações e aderir à causa de luta antirracista, não somente devido à
viralização de hashtags. Percebemos também o acréscimo das práticas de resistência dos
internautas em oposição ao discurso de caráter discriminatório no meio virtual, estreitamente
ligadas ao nível educacional dos internautas que, ao ter contato com a leitura crítica, podem
questionar e provocar a reformulação das manchetes.