A educação formal, vista como cultura desenvolvida pela humanidade em seu processo
histórico, é, como qualquer realização social, atravessada pelas determinações da sociedade
vigente. Na atual conjuntura brasileira, em que currículos e diretrizes de ensino são repensadas
em meio a uma crise do sistema capitalista, faz-se necessária uma análise meticulosa acerca dos
processos legais e didáticos que estão sendo pensados por aqueles que norteiam, de fato, a
educação no país. Nessa conjuntura, o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Básico passa por
mudanças substanciais, de maneira que, pautado por uma determinada concepção de língua e
de discurso, modela, consequentemente, novas concepções acerca do conceito e da concepção
de gramática que alteram o modo como esta é abordada em sala de aula. Nesse sentido, este
trabalho tem como objetivo, por meio de uma análise crítica de um livro didático voltado ao 6o
ano, compreender qual a concepção de gramática assumida por ele e quais os efeitos dessa
concepção no ensino deste conteúdo, que, hodiernamente, ocupa um espaço secundário no
trabalho com a língua na escola. Por fim, constatou-se que, ao trabalhar a gramática como plano
de fundo do texto, visando, justamente, valorizar o todo discursivo, perde-se muito da
compreensão do todo gramatical, que, inclusive, compõe necessariamente a compreensão da
estrutura e do funcionamento linguístico.