A radiação ultravioleta (UV), em especial a UVB, ao ser absorvida pela pele, desencadeia uma cascata de reações fotoquímicas, que induz o aumento da produção de radicais livres. O desequilíbrio redox instaurado promove no tecido efeitos deletérios, incluindo edema, queimaduras solares, eritema, inflamação, imunossupressão, fotoenvelhecimento e câncer de pele. Estudos têm mostrado a presença de componentes do Sistema Renina-angiotensina (SRA) na pele. A angiotensina II (Ang II), via seu receptor subtipo 1 (AT1), está envolvida nos processos de inflamação, cicatrização e fibrose, com aumento da expressão deste peptídeo em queratinócitos e fibroblastos na pele ferida. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar se o tratamento com losartana previne/atenua danos agudos induzidos pela radiação UVB em pele de camundongos e, definir o(s) período(s) pós-exposição em que esse tratamento pode ser mais efetivo. O estudo, desenvolvido em camundongos Hairless HES/J machos/fêmeas (12 semanas), foi organizado em duas fases. Na 1a foi feita a identificação do: 1- início da lesão, 2 – pico da lesão, 3 – regeneração parcial e 4 – regeneração total. Na 2a fase, o tratamento com losartana ocorreu 48h antes da exposição à radiação UVB até os períodos 6h, 24h, 48h e 72h, que foram pré-definidos na 1a fase. Nessa 2ª fase, os animais foram distribuídos em quatro grupos: controle (CTRL), não irradiados e tratados com losartana 10 mg/kg/dia (LOS), irradiados com dose única de 2,90 J/cm2 (UVB) e irradiados tratados com losartana (UVB/LOS). Amostras de pele (12 cm2) foram fixadas para as análises histopatológica, morfométrica, quantificação de colágeno e mastócitos, imunoistoquímica para PCNA, quantificação da peroxidação lipídica da pele e plasma e níveis de óxido nítrico. Os achados mostraram que, apesar da losartana não apresentar uma ação antioxidante após 48 e 72h da exposição UVB, o tratamento com este fármaco reduziu o edema da pele após 6h e preveniu a progressão de feridas cutâneas e degeneração tecidual no decorrer do tempo pós-exposição. Além disso, aumentou a proliferação epidérmica em todos os tempos avaliados e o número de fibras colágenas na derme após 48 e 72h da irradiação, além promover a redução do número de mastócitos após 24h. Estes dados indicam que o tratamento com losartana mitigou os efeitos deletérios da radiação UVB sobre a pele ao reduzir o eritema, a formação de lesões cutâneas graves e o processo inflamatório, além de acelerar a proliferação e reparo tecidual.