É sabido da imensa diversidade da microbiota oral , e que apenas uma proporção pequena de espécies têm maior potencial patogênico. Em particular, combinações de microrganismos específicos estão relacionadas às formas mais graves da doença. Assim, este estudo teve como proposta correlacionar consórcios microbianos compostos pelos patógenos putativos Aggregatibacter actinomycetemcomitans (Aa) e Porphyromonas gingivalis (Pg), em combinações com as espécies candidatas a patógenos periodontais, Parvimonas micra (Pm) , Dialister pneumosintes (Dp) e Filifactor alocis (Fa). A população do estudo incluiu 113 indivíduos com saúde periodontal (SP), 91 com gengivite (G) e 209 com periodontite (P). Todos os patógenos foram mais prevalentes na P do que na SP (p<0,05), exceto Pm, que foi altamente frequente em todos os grupos, e Fa, que predominou mais na G em relação aos outros grupos (p<0,05). Dentre todos os parâmetros avaliados, o melhor modelo preditor de doença periodontal (X² (4) = 177,9; p < 0,001; Nagel R² = 0,529), com 83% de acerto, incluiu as variáveis maior idade (OR 1,07 [95% CI 1,05 - 1,09]), nível elevado de educação + renda (OR 0,46 [95% CI 0,037 – 0,57]), alta % de Fa + Pg (OR 9,19 [95% CI 2,49 – 34,0]), p < 0,001, e Dp + Pm (OR 2.19 [95% CI 1.19 – 4,04]), p < 0.05. Por outro lado, gravidade de periodontite correlacionou-se com idade avançada (OR 1,12 [95% CI 1.08 – 1,16]), raça negra (OR 1,80 [95% CI 1,13 – 2,85]), alta prevalência de Dp + Pg (OR 2,6 [95% CI 1,07 – 6,49]) e Dp + Aa (OR 6,45 [95% CI 1,37 – 30,27]). Logo, pode-se concluir, com esses resultados, que consórcios microbianos específicos, compostos por combinações de patógenos periodontais putativos e patógenos em potencial são detectados com maior frequência na doença periodontal avançada do que isoladamente. Essas interações microbianas, bem como suas associações com parâmetros clínicos e sociodemográficos reforçam a complexidade da etiologia polimicrobiana das doenças periodontais.