Este estudo buscou analisar o racismo estrutural presente no modelo extrativista mineral brasileiro a partir do conflito decorrente do Projeto Minas-Rio, envolvendo comunidades a jusante da barragem de rejeitos da empresa Anglo American. O trabalho, desenvolvido em três capítulos e tendo como método central a pesquisa militante, retomou o processo de formação do capitalismo e as especificidades latino-americanas, o extrativismo e a acumulação de capital para compreender as conexões entre mineração, colonialismo, racismo e suas contribuições ao processo de subdesenvolvimento e de dependência do caso brasileiro. Todos esses elementos foram cruciais para realizar uma releitura do conflito, da luta e da resistência, envolvendo as comunidades de Água Quente e Passa Sete, em Conceição do Mato Dentro, bem como de Jassém, em Alvorada de Minas, todas no Estado de Minas Gerais, focando em suas trajetórias contra o racismo ambiental e pela reparação integral. A resistência das três comunidades é anterior, mas se acirra num contexto de crimes ambientais de grandes proporções, como foi o dos rompimentos das barragens de Fundão, da Samarco/Vale/BHP Biliton em 2015 e da Mina do Córrego do Feijão da Vale S/A em 2019. Ante a imensidão dos danos causados pela mineração, a pesquisa nos desafia a pensar em alternativas ao extrativismo mineral a partir de elementos do Bem-Viver, cuja construção só será possível a partir da escuta e da participação de quem vive, sobrevive e resiste há séculos, mesmo com todas as tentativas de aniquilamento e de apagamento: os povos racializados.