A epilepsia é uma das doenças neurológicas crônicas mais
prevalentes no mundo, sendo umadesordem do cérebro identificada pela capacidade de gerar
crises espontâneas e pelasconsequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais
que esta condição acarreta. A epileptogênese está diretamente relacionada ao desbalanço
entre os neurotransmissores excitatórios e inibitórios, principalmente o glutamato e o
GABA, respectivamente. Nesse cenário, os astrócitos tem papel fundamental, diminuindo a
toxicidade do glutamato em excesso na fenda sináptica, através da recaptação feita pelos
transportadores astrocíticos de glutamato, sendo os principais, GLAST E GLT-1. Várias
evidências, sugerem que o SRA cerebral desregulado pode estar implicado na
neurodegeneração, onde podemos citar a Ang II, que após ativar o receptor AT1 causa
efeitos como, vasoconstrição, neuroinflamação, estresse oxidativo, e outros. A Ang II e Ang-(1-7) geralmente tem efeitos opostos, pelo menos em algumas condições
fisiopatológicas específicas, o que sugere que esse peptídeo pode ser útil no
desenvolvimento de agentes terapêuticos para neutralizar o papel negativo da Ang II em
muitas doenças, como a epilepsia. Nesse cenário, analisamos a ação da Ang-(1-7) e seu
possível papel neuroprotetor, principalmente na neuromodulação do metabolismo de
glutamato em astrócitos, para isso estudamos transportadores e enzimas envolvidas no
metabolismo do glutamato, utilizando o modelo de epilepsia in vitro. Para a realização dos
experimentos, realizamos uma cultura primária de astrócitos isolados de hipocampo e córtex
frescos, coletados de ratos neonatos (CEUA 0004/2021) e para realizar o modelo de
epilepsia in vitro, utilizamos excesso de glutamato extracelular (1mM). As células foram
incubadas com Ang-(1-7) (1nM) e o antagonista do receptor Mas, A779 (10 μM). Em
seguida, foram fixadas e submetidas à imunofluorescência para GFAP (proteína ácida
fibrilar glial), GLAST e GLT-1 (transportadores de glutamato). Os valores obtidos com a
quantificação do sinal fluorescente foram plotados e analisados utilizando-se o programa
Graph-Pad Prism (GraphPad, San Diego, CA). Os dados obtidos no presente estudo,
mostraram que a Ang-(1-7) é capaz de alterar os componentes da via glutamato-glutamina
dos astrócitos e que esta ação é diferente entre hipocampo e córtex cerebral, assim como os
efeitos são dependentes das condições fisiológicas/patológicas. Além disso, A Ang-(1-7)
parece ter um efeito neuroprotetor nas duas regiões, aumentando ou diminuindo a expressão
dos transportadores, conforme a demanda metabólica, com o propósito de manter a homeostase.