A procura por alimentos que tragam benefícios à saúde
tem aumentado nos últimos anos. A cerveja, amplamente consumida no mundo todo, é
considerada fonte de nutrientes como proteínas, aminoácidos, carboidratos, compostos
fenólicos, entre outros. O quefir, considerado um alimento funcional, possui alto valor
biológico e devido ao seu potencial probiótico pode atenuar e/ou corrigir danos a
microbiota intestinal. Nesse contexto, uma cerveja fermentada unicamente por grãos
de quefir pode agregar os valores nutricionais e funcionais da cerveja aos do quefir e
oferecer benefícios à saúde. Dessa forma o presente trabalho propôs avaliar o efeito
da cerveja de quefir sobre a microbiota fecal de ratos Wistar. Para isso 25 (n=5/grupo)
ratos Wistar machos com peso entre 250-300 g foram tratados oralmente por 30 dias
consecutivos com Água (grupo AG), Cerveja artesanal (grupo CA), cerveja de quefir
(grupo CQ), Quefir aquoso (grupo QA) e etanol 4% (v/v) (grupo ET); todos os grupos
receberam água e comida ad libitum. Para avaliação da capacidade enteroprotetora da cerveja de quefir foram utilizados 35 animais com n=7/grupo, identificados por AGcol
(Água), CAcol (cerveja artesanal), CQcol (cerveja de quefir), QAcol (Quefir aquoso) e
ETcol (etanol 4% (v/v), nos quais foi induzida a colite ulcerativa (CU) por instilação de
solução de ácido acético 4% por via retal 12 horas após a trigésima dose de
tratamento e as eutanásias foram realizadas 12 horas após a indução da CU. Foi
avaliada a influência dos tratamentos na composição da microbiota fecal, no peso dos
animais e na capacidade enteroprotetora nos animais com colite. Além disso, foram
avaliados os perfis antioxidante (SOD, catalase e glutationa peroxidase e MDA),
hepático (ALT, AST, FA e gama GT), lipídico (colesterol total, HDL-colesterol,
triglicerídeos) e renal (ureia e creatinina) no soro dos animais. As análises
metagenômicas voltadas para a região 16S do DNA bacteriano nas fezes dos animais
mostram que a CQ levou a uma diminuição generalizada das bactérias fecais quando
comparada com os demais tratamentos. Também se observou macroscopicamente,
proteção tecidual com resultados semelhantes àqueles da fração antioxidante da CA e
ao tratamento com probiótico (QA) em modelo experimental de CU. Além disso, CA,
CQ e QA não interferiram no peso corporal dos animais. A cerveja de quefir também
não alterou significativamente (p<0,05) o perfil antioxidante e bioquímico no soro dos
animais sádios. Os resultados encontrados neste estudo sugerem potenciais
propriedades funcionais para a cerveja fermentada por quefir.