O trabalho em curso intitula-se Da violência doméstica ao feminicídio: discursos,
práticas e a resistência de mulheres na mídia digital e insere-se no campo da
Análise do Discurso, de tradição Francesa, com foco nas contribuições teóricas de
Michel Foucault, dialogando com os estudos culturais, midiáticos e históricos. A
temática discorrida volta-se à violência contra a mulher, especificamente às práticas
de violência doméstica e ao Feminicídio, pois revela uma realidade bem presente no
cenário contemporâneo. Mesmo diante de um percurso de inúmeros enfrentamentos
e façanhas das mulheres por um lugar de espaço e voz mais atuantes no contexto
social e cultural, ainda persistem e resistem os preceitos machistas e patriarcais, o
que tragicamente vitima mulheres com a violência doméstica praticada. Nesse ponto,
difundem-se os questionamentos que impulsionam a execução deste trabalho de
pesquisa: “Que mecanismos de poder e vestígios de memória são materializados nos
discursos e práticas relativas à violência doméstica e ao feminicídio? Como se dá o
atravessamento dos discursos machistas dos diversos sujeitos sociais, os quais
discursivizam sobre essas práticas de violência? Como as mulheres vítimas de
violência produzem-se como sujeitos de resistência? A fim de responder às questões,
tivemos como objetivo geral analisar vestígios da memória, relações de poder na
discursivização em torno da violência contra a mulher, especificamente, em casos de
violência doméstica e de feminicídio. Especificamente, buscaremos descrever o
atravessamento dos discursos, em depoimentos de mulheres, inscritos em
plataformas de mídias digitais, os quais relatam sobre a violência doméstica e o
feminicídio; interpretar a constituição da imagem feminina nos elementos enunciativos
presentes nestes discursos; investigar (cartografar) mecanismos de resistência na
produção de sujeitos vítimas de violência doméstica e de feminicídio. Esta pesquisa
seguiu pelo método arqueogenealógico de Foucault, em que foram analisadas, por
meio de diversos gêneros discursivos, envolvendo linguagem verbal e imagética,
quatro reportagens veiculadas nas diversas plataformas digitais abordando relatos de
casos de violências e tentativas de feminicídio. A análise do corpus ocorreu com base
nas teorias foucaultianas, seguindo pelas categorias analíticas do sujeito,
saber/poder, memória discursiva, governamentalidade e resistência. Concluímos que
é necessário um olhar mais amplo para a questão da violência contra a mulher,
partindo de muitas ações que priorizem o debate, as discussões e as pesquisas sobre
a temática, pois é preciso romper com a cultura do machismo que se encontra
entrelaçada em nossa sociedade.