A jabuticaba (Plinia jaboticaba (Vell) Berg) é uma fruta típica da flora brasileira e, seus óleos essenciais, apresentam características hidrofóbicas, antioxidantes e antimicrobianas, que potencializam a eficiência da quitosana. As fontes de extração dos óleos são naturais, sua utilização pode diminuir a presença de aditivos sintéticos, utilizados na produção de alimentos processados, minimamente processados ou in natura. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o óleo essencial (OE) de cascas de jabuticaba de duas cultivares e avaliar sua ação antifúngica em biofilmes comestíveis a base de quitosana aplicados em morangos durante o armazenamento. Previamente, as jabuticabas foram selecionadas por meio da análise tátil-visual, lavadas, sanitizadas e enxaguadas com água destilada. Os óleos essenciais (OE's) foram extraídos por hidrodestilação em aparelho tipo Clevenger e os componentes dos OE's foram identificados por meio de Cromatografia à gás acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM). Foram identificados 65 compostos para os cultivares de Uberaba e Hidrolândia. Os constituintes majoritários presentes no óleo essencial da cultivar de Uberaba (OEU) foram, o óxido de cariofileno (18,66%), β(E)-cariofileno (7,93%), α-cadinol (7,56%), τ-cadinol (4,48%), -eudesmol (4,04%), viridifloreno (3,62%) e cubeban-11-ol (3,61%) e, para cultivar de Hidrolândia (OEH): -Eudesmol (43,50%), -eudesmol (15,72%), β-eudesmol (9,18%) e β(E)-cariofileno (3,10%). Sesquiterpenos oxigenados foram a principal classe de terpenos encontrados nos OE's das duas cultivares. Foi avaliada a atividade antifúngica dos OE's da espécie, P. jaboticaba sobre Botrytis cinerea, determinada através do método de microdiluição em microplacas com 96 poços. As análises realizadas ao longo de 9 dias de armazenamento foram: acidez total titulável (ATT), variação de pH, sólidos solúveis totais (SST), perda de massa (%), cor e avaliações microbiológicas (bolores e leveduras). Os morangos foram selecionados de acordo com o tamanho, grau de maturação e posteriormente imersos nas soluções correspondentes de cada tratamento: TA (Controle sem inóculo fúngico e sem cobertura), TB (Controle com inóculo fúngico e sem cobertura), TC (cobertura de Quitosana e inóculo fúngico), TD (Quitosana + OEU e inóculo fúngico), TE (Quitosana + OEH e inóculo fúngico), TF (Quitosana + DMSO 5% e inóculo fúngico), TG (Quitosana + ácido acético 1% e inóculo fúngico), TH (Quitosana + Manzate® e inóculo fúngico), drenados e mergulhados na suspensão fúngica de concentração 3 x 106, obtida por meio de diluição a partir da escala 1,0 McFarland. (3 x 108 UFC.mL-1). A concentração inibitória mínima (CIM) foi de 500 e 1000 μg.mL-1 respectivamente em relação as duas cultivares.Constatou-se efeito significativo no fator tempo para o parâmetro acidez total titulável, o qual deve estar associado ao acúmulo do teor de CO2 no interior das embalagens decorrente da maturação e o desenvolvimento de micro-organismos no caso, o B. cinerea. A variação de pH apresentou efeito significativo na interação tratamento-tempo com média de 3,23 apresentando redução no valor de pH até o sexto dia. Isso se deve ao fato de que os tratamentos com cobertura podem contribuir para retenção de vapores de água aumentando a concentração do íon H3O+ no interior do fruto assim como a senescência, a cultivar, o clima, o solo. O parâmetro sólidos solúveis totais não houve efeito significativo nos fatores analisados. Os revestimentos não influenciaram significativamente nos valores de sólidos solúveis ao término do armazenamento com média geral de sólidos de 8,45 °Brix. A porcentagem de perda massa exerceu efeito significativo no fator tempo, independente dos tratamentos, indicativo da aceleração da senescência, da respiração e da perda de água dos frutos. Para o parâmetro cor, foi observado efeito significativo do período de armazenamento para os fatores L*, a* e b*, indicando um escurecimento, seguido do aumento das coordenadas vermelha e amarela, decorrente da evolução da maturação fisiológica dos morangos. A avaliação microbiológica, indicou efeito antimicrobiano das coberturas. A atividade antimicrobiana do OE das cascas de jabuticaba contribuiu para a qualidade dos morangos. Certamente, este efeito foi resultado dos compostos voláteis e antimicrobianos oriundos da sinergia dos constituintes do óleo, que desfavoreceram o crescimento fúngico. Os resultados mostram as atividades biológicas apresentadas pelos OE's em estudo, podem estar relacionados à presença de componentes majoritários e a sinergia entre eles. Por isso, este estudo sugere o uso de OE de cascas de jabuticaba como uma alternativa interessante no controle de fitopatógenos, embora outros ensaios devam ser realizados, testando-se novas concentrações sobre o crescimento micelial do B. cinerea.