Pesquisas atuais têm enfatizado a necessidade de destacar conhecimentos e práticas de grupos historicamente negligenciados e comunidades originárias, num processo de reversão do epistemicídio ocorrido com a colonização. Neste sentido, o presente trabalho se enquadra na valorização dos conhecimentos do povo Potiguara, habitante da Região Norte do litoral da Paraíba. Considerando a legislação existente sobre Educação Escolar Indígena, a qual pressupõe a importância de aliar conhecimentos locais com globais, estabeleceu-se como pergunta de pesquisa: como associar os conhecimentos do povo Potiguara aos conhecimentos curriculares previstos para o Ensino de Física? Assim, os objetivos foram: construir um diálogo entre o Ensino de Física e os conhecimentos tradicionais do povo indígena Potiguara da Paraíba; e, a partir disso, elaborar um material didático para a Escola Indígena que trouxesse conceitos de Física contextualizados com a cultura e saberes locais. Como principal referencial teórico para a elaboração do material nos pautamos nas ideias de Paulo Freire, destacando seus aspectos político, crítico e de autonomia. A metodologia de pesquisa se caracterizou como qualitativa, de cunho etnográfico e bibliográfico, constando de entrevistas com a população das aldeias e pesquisa bibliográfica para determinação da narrativa potiguara que serviu como guia do material didático. Como resultado, elaboramos um capítulo de livro didático que aborda conceitos iniciais de hidrostática e óptica, partindo de uma narrativa potiguara sobre o Pai do Mangue. O capítulo de livro foi avaliado por um professor de uma Escola Indígena Potiguara, o qual salientou a importância da contextualização feita para a valorização da cultura e dos saberes do povo potiguara. A pesquisa realizada permite concluir que considerar narrativas da comunidade é um caminho possível para o Ensino de Física valorizar os conhecimentos, práticas e outros saberes desses grupos.