A agricultura familiar apresenta importância no setor agropecuário nacional por
produzir uma grande quantidade de alimentos consumidos no país. Após os debates
nos âmbitos acadêmicos, políticos e sociais, essa atividade foi ganhando
legitimação, ocorrendo o seu reconhecimento em 2006, com a formulação da lei da
agricultura familiar (SCHNEIDER, 2003). Com isso, foi conquistando destaque e
suas caraterísticas foram se evidenciando com a pluralidade, a diversidade de
produção e junto a sua importância para a sustentabilidade no campo e para a
preservação do meio ambiente (SCHNEIDER, 2003). Entretanto, para esta ser vista
com uma atividade econômica, teve que passar por transformações. Nesse âmbito,
o cooperativismo aparece como uma ferramenta que proporciona a organização dos
agricultores familiares para legalizar e competir, possibilitando a comercialização dos
produtos (PIRES, 2003). Dessa forma, este trabalho tem como objeto de estudo as
cooperativas agropecuárias da região do Alto Oeste Potiguar, descrevendo suas
atividades e como elas fortalecem esta categoria. Este estudo tem importância
devido à necessidade do seu reconhecimento no Estado e na região. Para
realização deste trabalho, fizemos uma pesquisa bibliográfica sobre a temática,
buscamos por dados do Censo Agropecuário de 2017, descrevemos os aspectos
legais, pesquisamos estudos sobre agricultura familiar no Estado e, a partir dos
dados da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Norte
(OCERN), identificamos as cooperativas agropecuárias e onde estão localizadas.
Para chegar ao objeto deste estudo, realizamos uma busca em todos os municípios
da região do Alto Oeste Potiguar, para que identificássemos em quais municípios se
encontravam e quais atividades são realizadas nas cooperativas. Através dos
gestores das organizações tivemos acesso a documentos, planilhas, livro caixa,
planilha de entrada e saída de produtos e materiais, relatórios de gestão e produção,
atas e fotografias que descrevem as atividades e demais informações que foram
úteis para a pesquisa. Posteriormente, realizamos a análise dos dados e
documentos. Através da análise de documentos, observamos que as cooperativas
estudadas apresentam carências com relação às ações cooperativistas, no entanto,
conseguem alcançar os agricultores familiares de forma positiva, pelo fato de
intermediarem a comercialização dos agricultores cooperados, sendo que esse fato
não é o suficiente para fortalecer a atividade na região, pois a comercialização
ocorre em pequena escala, não sendo a principal atividade geradora de renda
desses agricultores cooperados. Algumas aparentam empresas privadas, pois não
desenvolvem os princípios cooperativistas. Assim, chegamos nas considerações
finais com as particularidades de cada cooperativa, evidenciando limitações em
alguns aspectos, como também as potencialidades que podem fortalecer essa
atividade, nos locais onde estão inseridas. Identificamos, também, que esta
atividade tem um reconhecimento global com relação à produção de alimentos de
forma sustentável, preservação ambiental e combate à fome (ONU, 2017). Nesse
sentido, este trabalho contribui para estudos futuros sobre a temática, tanto pela sua
importância para a sustentabilidade no campo, como também para a oferta de
alimentos de qualidade, trazendo elementos que servirão como base para futuras
pesquisas, pois trata-se de uma temática pouco falada e pouco estudada na nossa
região.