O sistema genital masculino é altamente complexo e sensível a fatores intrínsecos e extrínsecos e, a radiação ionizante pode ter efeitos deletérios à espermatogênese, reduzindo a fertilidade masculina.Tentativas de minimizar este problema concentram-se na redução do estresse oxidativo gerado pela radiação.Estudos têm demonstrado que a interação entre radiação ionizante, estresse oxidativo e a ativação do sistema renina-angiotensina (SRA) intrínseco do tecido irradiado traz consequência diretanaprogressão dos efeitos tardios decorrentes da radiação.Bloqueadores do SRA como os fármacos inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECAs) ou antagonistas do receptor AT1 da Ang II (ARAs), têm sido empregados na prevenção e/ou redução da severidade dos danos teciduais causados pela radiação, atuando como radioprotetores. Assim, este estudo avalia se os tratamentos agudo e tardio com losartana previnem/atenuam os danos induzidos pela radiação em testículos pela diminuição do estresse oxidativo. Para tanto, este estudo foi desenvolvido em 2 fases, sendo a 1ª para determinação de uma curva dose de radiação versus efeitos radioinduzidos nos testículos para estabelecer a dose ótima a ser utilizada. Nessa fase, os ratos foram distribuídos em: controle (CTRL), irradiados com 0,75 Gy; 1,0 Gy; 2,5 Gy ou 5,0 Gy. Na 2ª fase, os animais foram irradiados com a dose ótima estabelecida (2,5 Gy) e tratados sete dias antes da exposição à radiação até 2 dias ou 60 dias após a exposição. Na distribuição dos grupos tem-se para avaliação do efeitos agudos:CTRL; irradiados e não tratados, mortos 2 dias após a exposição e, irradiados e tratados com losartana, mortos 2 dias após a irradiação. Para o estudo dos danos tardios: CTRL; irradiados e não tratados, mortos60 dias após a irradiaçãoe, irradiados e tratados com losartana, mortos com 60 dias após a irradiação. Dose única de radiação foi administrada diretamente na área escrotal. As amostras foram obtidas para análises da função testicular, morfometria-estereologia testicular e proliferação do epitélio seminífero. Concentração sérica de testosterona também foi determinada. A partir dos dados obtidos definiu-se como ótima a dose de 2,5 Gy. Na avaliação espermática após 2 dias da irradiação, não foram evidenciadas alterações nos parâmetros estudados. Contudo, após 60 dias da exposição, a losartana preveniu a redução da massa da vesícula seminal, promoveu melhora na vitalidade espermática, aumento dos níveis de testosterona plasmática, redução do número de vacúolos e aumento da proliferação celular no epitélio seminífero, além de apresentar túbulos seminíferos com contundente recuperação do epitélio seminífero. Isto sugere um efeito radioprotetor aos testículos contra danos indiretos da radiação, decorrentes do estresse oxidativo.