Os paleoambientes, pelo caráter abrangente e multidisciplinar de seu estudo, ainda são
desconhecidos em diversas localidades da Terra. A reconstrução paleobiogeográfica faz-se
fundamental para compreender os climas, a vegetação e a fauna de tempos pretéritos. Esse
estudo tem o objetivo de promover a reconstrução paleobiogeográfica do Parque Nacional do
Iguaçu (PNI) – que inclui distintos solos e sedimentos da Lagoa do Jacaré (LJ) – e da Lagoa
dos Peixes localizada na Estação Ecológica Municipal Francisco Paschoeto (EEMFP), em
Reserva do Iguaçu, Paraná; essas Unidades de Conservação (UC) estão distantes em mais de
200 km uma da outra. Os “proxies” utilizados foram os fitólitos, espículas de esponjas, frústulas
de diatomáceas e análises isotópicas (δ13C e δ15N). Os materiais e métodos foram pautados em
procedimentos de campo (tradagens, abertura de trincheira e coleta de material botânico) e
procedimentos laboratoriais (extração de microfósseis, identificação microscópica, análises
isotópicas, elaboração de mapas, análise granulométrica, determinação do pH do solo e
determinação de matéria orgânica). Extraiu-se fitólitos de plantas atuais para servir de coleção
de referência moderna, sendo processados 19 exemplares correspondentes a 16 espécies de 15
famílias. Nos resultados denotou-se que nem sempre a melhor conservação fitolítica ocorre no
primeiro intervalo de solo, com diminuição em direção à base, uma vez que os picos fitolíticos
podem ocorrer nos intervalos próximos à base, ou mesmo no centro do testemunho; os picos
nessas situações podem ser influenciadores na correlação. Desse modo, os valores com forte
correlação (negativa) ocorreram para os testemunhos com conservação (fitolítica) superior no
topo e diminuição em direção à base. Mediante a densidade de dados trabalhados, tornou-se
possível determinar que na Floresta Ombrófila Mista (FOM) 77,78% das amostras
apresentaram variações significativas da vegetação; e na Floresta Estacional (FES) em 100%
das amostras analisadas. Levando-se em consideração a variação conforme os grupos de solos,
todos apresentaram variações significativas da vegetação. Não obstante, em duas amostras não
foram identificadas variações significativas, sendo o Tubo 1 (FOM/solo mal drenado) e o Ponto
3 (FOM/solo bem drenado). Foi possível concluir que no PNI os estratos herbáceo e arbóreo
coabitaram, sendo prevalente o arbóreo, com excessão da LJ que as famílias arbóreas estiveram
e estão presentes em seu entorno. Na Lagoa dos Peixes da EEMFP, a vegetação prevalente foi
herbácea e os fitólitos de eudicotiledôneas lenhosas são oriundos da vegetação florestal dos
arredores da lagoa. Para ambas as UC, inferiram-se oscilações climáticas com base na
paleovegetação e espículas de esponjas – atreladas à permanência d’água no paleoambiente.
Essa tese apresentou contribuições inéditas tanto para o PNI, quanto para a EEMFP, utilizando
fitólitos, frústulas de diatomáceas, espículas de esponjas, e análises isotópicas δ13C e δ15N