Objetivo: verificar a influência da idade (e das categorias) no risco de lesões esportivas em
atletas jovens de futebol masculino e identificar o perfil de risco para entorses de joelho e
tornozelo nestes atletas.
Métodos: 644 atletas jovens de futebol masculino, de cinco categorias (sub-20, sub-17, sub15, sub-13 e sub-11 anos) de um clube da Primeira Divisão Brasileira foram acompanhados
durante as temporadas de 2017 e 2018, sendo divididos em dois grupos: sub-11 ao sub-15 e
sub-17 ao sub-20. Foi avaliado o risco de lesões esportivas entre os grupos etários/categorias
e a sua epidemiologia (mecanismo, tipo de evento, localização, tipo de lesão, diagnóstico
clínico e gravidade). Em seguida, 81 atletas jovens de futebol masculino foram recrutados na
pré-temporada de 2019 e submetidos às seguintes avaliações clínicas: amplitude de
movimento (ADM) de rotação medial (RM) e rotação lateral (RL) de quadril, ADM de dorsiflexão
de tornozelo, Landing Error Scoring System (LESS), Modified Star Excursion Balance Test
(mSEBT), Single Leg Hop Test (SLHT) e Side Hop Test (SHT).
Resultados: No geral, entre as temporadas de 2017 e 2018, atletas de futebol masculino do
sub-17 ao sub-20 apresentaram maior risco sofrerem uma lesão esportiva do que atletas do
sub-11 ao sub-15 (OR = 6,16 (IC 95% = 4,32, 8,77). Especificamente, atletas do sub-17 ao
sub-20 apresentaram maior risco de sofrerem lesões de membros inferiores (OR = 4,19 (IC
95% = 3,01, 5,85), com mecanismo traumático (OR = 3,27 (IC 95% = 2,03, 5,27) e sem contato
(OR = 4,03 (IC 95% = 2,56, 6,36), com severidade moderada (OR = 2,92 (IC 95% = 2,02, 4,24)
ou grave (OR = 2,69 (IC 95% = 1,79, 4,05) e também apresentaram maior risco de
estiramentos de isquiossurais (OR = 3,06 (IC95% = 1,15, 8.16), entorses de joelho com
ruptura do ligamento cruzado anterior (OR = 7,8 (IC 95% = 1,7,35,7)) e ligamento colateral
medial (OR = 5,2 (IC 95% = 1,4,18,8) e entorses laterais de tornozelo (OR = 2,65 (IC 95% =
1,41, 4.99) do que atletas do sub-11 ao sub-15.
Na pré-temporada de 2019, 25 atletas (31%) apresentaram histórico de entorses prévios sem
contato de joelho e tornozelo. A CART identificou 3 fatores associados a lesões prévias:
alcance anterior no mSEBT, SHT e ADM de RL do quadril. As interações entre o alcance
anterior do mSEBT > 58,85%, o SHT ≤ 7,42 segs. e a ADM de RL do quadril > 56,5o
(risco de
prevalência: 3,11 (IC 95% = 1,83-5,29) foram as que mais aumentaram a probabilidade de
identificar atletas com lesão prévia. Este modelo da CART apresentou sensibilidade de 68%,
especificidade de 87,5% e uma precisão total de 81,5%. 15 atletas (18,5 %) sofreram uma nova
entorse sem contato de joelho e tornozelo durante a temporada de 2019. A CART identificou 4
fatores de risco associados a novas lesões: LESS, alcance póstero lateral do mSEBT, SHT e
ADM de RM do quadril. As interações do escore do LESS ≤ 7,5, o alcance póstero lateral do
mSEBT > 103,25% e o SHT > 7,41 segs. definiram o melhor perfil de risco para aumentar a
probabilidade de se identificar novas lesões (risco relativo: 8,62 (IC95% = 3,76-19,81). Este
modelo CART teve uma sensibilidade de 80%, especificidade de 89,4% e uma precisão total de
87,5%.
Conclusões: Atletas das categorias sub-17 ao sub-20 apresentaram maior risco de sofrerem
lesões em membros inferiores, com mecanismo traumático e sem contato, com severidade
moderada e grave, e apresentaram maior risco de estiramentos de isquiossurais, entorses de
joelho com rupturas de LCM e LCA, e entorses laterais do tornozelo do que atletas do sub-11
ao sub-15. Para entorses prévios sem contato de joelho e tornozelo, foram identificadas
interações entre o alcance anterior do mSEBT, o SHT e a ADM de RL de quadril. Para novas
entorses sem contato de joelho e tornozelo, o LESS, o alcance póstero lateral do mSEBT, o
SHT e a ADM de RM do quadril interagiram para identificar os atletas em risco.