O café é a bebida mais consumida no mundo, e a segunda mercadoria mais comercializada, gerando inúmeros resíduos provenientes do seu beneficiamento e consumo. A borra de café é o resíduo mais expressivo dessa produção, atualmente muito apreciada por suas inúmeras aplicações na indústria e pesquisa, sendo o seu componente mais valioso o óleo obtido por extração com solventes orgânicos. No presente trabalho propõe-se realizar estudos com borra de café obtido de duas espécies diferentes (Coffea arabica e Coffea canephora) provenientes dos estados de São Paulo e Minas Gerais para extração de lipídeos através de extrator Soxhlet utilizando etanol e n-hexano, após o processo de secagem. Os rendimentos obtidos da extração do óleo foram de 63,83 para a mostra A3E a 5,75 para a amostra CH. O índice de acidez das amostra variou de 4,04 mg KOH/g de óleo para a amostra 100% arábica A1 a 11,96mg de KOH/g de óleo para a amostra 100% Conilon. Dada a possibilidade de obter diferentes resultados de quantificação de ácidos graxos para a mesma amostra dependendo do método de esterificação utilizado, neste trabalho foi investigado o perfil dos ácidos do óleo da borra de café através de três métodos envolvendo catálise ácida (BF3/MeOH, e CH3OH/) e catálise básica (MeONa/MeOH). Os principais ácidos graxos identificados foram ácido palmítico (18,50-52,59%), linoleico (0-38,18%), oleico (2,87-17,69%) e esteárico (5,49-17,90%). Os teores e o perfil químico dos ácidos graxos foram obtidos através da cromatografia gasosa com detector de ionização de chamas (CG-DIC) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM). Não houve diferenças significativas no perfil lipídico das amostras, independente do solvente utilizado, bem como a espécie originária da borra café avaliada (Coffea arabica e Coffea canephora). O grau de inchamento acompanhou o perfil de liberação dos compostos bioativos presentes na película e a maior fração gel foi apresentada pela amostra conillon sem lavar. As películas permaneceram com a superfície e integridade preservadas. E a presença de turbidez e coloração na solução indicou a presença dos compostos bioativos em suspensão. O teor de fenóis totais nas quatro amostras analisadas variou de 6,00 ± 0,65 a 7,79 ± 0,58 mg GAE/100mg de amostra. O menor valor de CE50 foi referente a amostra conilon. O teste de liberação do óleo na másccar “peel off” mostrou que o tipo de café, o tipo de solvente e a lavagem da borra interferem significativamente na liberação dos ácidos graxos, em 232nm o café Arábica obteve maoir liberção frente ao Conilon e eem 210nm as máscaras contendo café Conilon liberaram mais que arábica. O comprimento de onda de 210nm (ácido palmítico), obtiveram os melhores resultados na liberação, e em 232nm (ácido linoleico) a liberação foi bem inferior. No teste de liberação de cafeína e ácido clorogênico a amostra A2 foi a que apresentou a maior taxa de liberação tanto de ácido clorogênico (50rpm – 115%, 100rpm – 114,98%) como de cafeína (50rpm – 78,22, 100rpm – 61,99), seguido da amostra Conilon, 50rpm – 34,81% e 100rpm – 22,40%, para a liberação do ácido clorogênico e 50rpm – 19,88% e 100rpm – 39,65% para cafeína. Foi possível verificar o grande potencial do resíduo sólido (borra de café) obtido no dia a dia como matéria-prima a ser usada na indústria cosmética.