Esta dissertação propõe-se a investigar a atuação da diáspora armênia, no âmbito da política
doméstica e internacional, com o intuito de promover a adesão à causa armênia durante o ciclo
de governos progressistas na América Latina, a partir do estudo de casos do Brasil e da
Argentina. Intui-se, apoiando-se em uma análise multinível, isto é, uma análise interrelacionada
dos âmbitos doméstico, regional e internacional e que permite evidenciar variáveis oriundas de
diferentes níveis, pesquisar acerca da influência deste contexto progressista na região na
atuação do movimento diaspórico transnacional armênio em sua busca pelo reconhecimento de
sua causa, bem como os seus mecanismos de atuação, articulação e mobilização a níveis
nacional, regional e internacional, com Estados, sociedade-civil e organizações internacionais.
As perguntas de pesquisa propostas são as seguintes: Há uma correlação entre a presença da
diáspora armênia em um dado país e uma maior adesão à causa armênia pelo mesmo? Ou seja,
uma maior presença da diáspora armênia no país influencia em sua adesão à causa armênia?
Houve, nos casos analisados do Brasil e da Argentina, uma maior inserção da causa armênia
em suas políticas internas e externas após o início do ciclo progressista na América Latina? A
hipótese a ser testada é que tanto a presença e influência política da diáspora armênia em seus
países de destino, por meio de sua mobilização na política doméstica destes, quanto sua atuação
a nível externo, como movimento transnacional, em organismos e instituições internacionais, e
a abertura política proporcionada na região, tiveram como consequência uma maior adesão à
causa armênia no Brasil e na Argentina, entre os anos de 2003 e 2015. Baseada em uma
perspectiva teórica transnacional, a proposta adota um enfoque metodológico misto e constitui-
se, então, de: [1] uma análise qualitativa acerca da atuação política destes coletivos a nível da
sociedade civil e do Estado, no Brasil e na Argentina; [2] uma análise quantitativa a partir da
coleta digital de dados secundários, disponíveis na plataforma do Ministério das Relações
Exteriores da República da Armênia e de Organizações Internacionais (Nações Unidas,
Parlamento Europeu, Parlamento Latino-americano, entre outras), que apontam a inserção da
causa armênia a nível nacional e internacional, entre 2003 e 2015, e do mapeamento do
reconhecimento da causa armênia em organismos internacionais, como as Nações Unidas e
Tribunais Internacionais, durante o marco temporal desta análise.