A escola inclusiva foi um dos direitos conquistados pelas pessoas com deficiência, através de movimentos sociais iniciados na década de 1980. No que se refere aos surdos e deficientes auditivos, percebe-se a defasagem acadêmica com que chegam nas escolas de nível técnico. Parte desse problema pode estar relacionado às dificuldades de comunicação/interação estabelecida entre esse público e os profissionais da educação, provocando a evasão e impossibilitando sua formação integral. A presente pesquisa objetivou investigar como a comunicação/interação dos surdos e deficientes auditivos com os ouvintes, contribui no desenvolvimento educacional para uma formação omnilateral no IF Sudeste MG – Campus Barbacena. A pesquisa foi desenvolvida no IF Sudeste MG – Campus Barbacena, entre os meses de novembro e dezembro de 2020, tendo como universo amostral: um aluno surdo, matriculado, no terceiro período do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet - TSI, usuário de Libras; um ex-aluno deficiente auditivo, oralizado, egresso do curso Técnico em Informática; os discentes matriculados no terceiro período do curso de Tecnologia em Sistemas para Internet, que estudavam com o aluno surdo; quatro professores do Núcleo de Informática que lecionaram para estes alunos; um psicólogo; uma orientadora educacional; uma pedagoga e um intérprete de Libras do IF Sudeste MG. Para a coleta de dados foram aplicados questionários semiestruturados ao discente surdo e ao egresso deficiente auditivo; questionários estruturados aos alunos que estudaram com o discente surdo; e foram aplicadas entrevistas aos quatro docentes, quatro servidores da equipe pedagógica e ao tradutor intérprete de Libras do IF Sudeste MG. As entrevistas foram transcritas e procedeu-se a análise dos dados quantitativos através do cômputo da frequência dos temas citados, e para os dados qualitativos, desenvolveu-se a análise de conteúdo. Os resultados demonstraram de forma unânime que não há como efetivar o processo de ensino-aprendizagem sem comunicação/interação, entretanto todos afirmaram ter dúvidas sobre como se comunicar com estes alunos, já que não têm capacitação na área da surdez. E o número insuficiente de intérpretes de Libras, citado por todos, faz com que o suporte que dão aos alunos surdos fique restrito ao ensino, excluindo-os da pesquisa e da extensão, o que inviabiliza sua formação integral. A partir desses resultados, foi criado um produto educacional, no formato de cartilha, com conceitos básicos, orientações para os profissionais da escola de acolhimento e atuação junto aos alunos surdos ou deficientes auditivos, estratégias pedagógicas baseadas nas principais dúvidas dos entrevistados, sinais em libras relacionados aos ambientes escolares, filmes e associações de surdos. É esperado, com o auxílio da cartilha, melhorar a comunicação/interação entre os atores e contribuir para a inclusão escolar dos surdos e deficientes auditivos no Campus Barbacena. Conclui-se que a comunicação é essencial para interação com os alunos e sua formação integral e que o Campus Barbacena apresenta dificuldades neste quesito, sendo necessário que os gestores empreendam esforços para capacitação dos docentes e demais servidores na área de libras, além da contratação de mais tradutores e intérpretes, para que estes alunos tenham tratamento igualitário e ocorra, de fato, a sua inclusão.