Objetivou-se elaborar um e-book aos cirurgiões-dentistas sobre as opções de sistema de instrumentação endodôntica para dentes decíduos e comparar os resultados biomecânicos de diferentes sistemas e seu tempo de preparo em protótipos de dentes decíduos por meio de uma análise em micro-CT. Para isso, foram realizados dois estudos. No primeiro, realizou-se uma busca bibliográfica em seis bases de dados por estudos laboratoriais e clínicos sobre protocolos de pulpectomia utilizando pelo menos uma técnica de instrumentação. Dados a respeito das características, cinemática, benefícios e orientações à cerca da utilização de acordo com as instruções dos fabricantes foram extraídos para elaboração do conteúdo teórico e diagramação do layout do e-book, confeccionado no programa Canva. Após finalizado, o mesmo foi avaliado por três pós-graduandos da Disciplina de Odontopediatria da FOUFRJ e as sugestões foram incorporadas. Elaborou-se o material intitulado ‘’Guia ilustrado de instrumentação endodôntica para dentes decíduos’’ contendo 43 páginas, abordando 13 sistemas de instrumentação, com sequências ilustradas de protocolos para utilização. Para o segundo estudo foram utilizados 60 protótipos padronizados de
segundos molares decíduos inferiores confeccionados em polímero transparente para avaliar os resultados biomecânicos da instrumentação com diferentes sistemas de limas. Foram utilizados os sistemas manual k-file e mecanizados ProTaper Next (PTN), XP-Endo Shaper (XPS), XP-Endo Finisher (XPF), XP–Clean (XPC) e Sequence Baby file (SBF) (n= 10/cada). A instrumentação foi realizada por um único operador treinado e o tempo de utilização de cada sistema foi cronometrado. Realizouse a irrigação com um total de 16mL de soro fisiológico à 0,9% para cada canal instrumentado, associada a aspiração simultânea. Os protótipos foram escaneados antes e após da instrumentação através do micro-CT. A reconstrução foi padronizada os conjuntos de imagens iniciais e instrumentados foram registrados entre si. Alterações no volume do canal radicular, área não instrumentada, debris acumulados, volume de dentina removido e transporte do canal foram quantificados. Os dados foram tabulados no programa JAMOVI versão 1.6 e analisados através do teste Shapiro-Wilk para verificar a distribuição dos dados. Para distribuição normal foram realizados testes paramétricos e para aqueles que não seguiram a normalidade, testes não paramétricos foram utilizados, todos com um nível de significância de 5% (p<0,05). A instrumentação com sistemas mecanizados resultou em menos tempo de instrumentação (p< 0,001) do que com a k-file. A porcentagem de áreas não instrumentadas foi semelhante para todos os sistemas. O acúmulo de debris foi maior para K-file e XPS ao longo de todo o canal (p<0,05). Todos os grupos apresentaram aumento do volume do canal radicular após a instrumentação (p= 0,003) com valores mais elevados na lima K-file (p<0,05). A análise 3D revelou maior transporte da lima K-file. SBF e K-file apresentaram, respectivamente, o menor (0,01 ± 0,01 e 0,03 ± 0,04) e o maior (0,04 ± 0,05 e 0,32 ± 0,94) valor de transporte do canal nos protótipos. Diante das metodologias utilizadas, conclui-se que um material relevante e prático ficará disponível nas plataformas digitais da Disciplina de Odontopediatria da UFRJ, para livre acesso e ampla divulgação aos cirurgiões-dentistas. Além disso, com relação aos resultados de instrumentação mecânica, o SBF e o XPC resultaram em uma abordagem mais conservadora. A instrumentação mecânica pode levar à algum grau de transporte do canal e deixar partes das paredes do canal infectadas sem preparo mecânico.