Esta dissertação tem como objetivo analisar as propostas de regulamentação para o
homeschooling, no Brasil, apresentadas pelas três esferas de governo — federal, estadual e
municipal — e pelo Fórum da Frente Parlamentar em defesa do ensino no lar. O objetivo foi
traçar um comparativo entre as propostas e analisar as possíveis aproximações e contradições
no processo de formulação de uma política pública educacional. Neste amplo e complexo
contexto, permeado de contradições, que este estudo recorreu ao método do Materialista
Histórico Dialético (MHD), por compreendemos que o nosso objeto de estudo não se
desenvolve de forma isolada, mas em ligação indissolúvel e em uma unidade com outros
fenômenos. Assim, o MHD conduziu o raciocínio quanto ao entendimento, análise e
desenvolvimento do pensamento lógico dialético sobre o texto das propostas de
regulamentação do homeschooling no Brasil. Quanto à natureza, a pesquisa se caracteriza
como documental e de caráter exploratório. O período para selecionar as propostas analisadas
foi de 2010 a 2020. Os resultados mostram que existiam, no período delimitado para o estudo,
13 projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, que versam sobre a regulamentação
do homeschooling no Brasil. Mostram, também, que em âmbito estadual e municipal os
projetos de lei foram protocolados por frente e grupos filiados a partidos das mais variadas
orientações ideológicas. Indicam a insistente busca de regulamentação, por parte do governo
Bolsonaro, além de revelarem a forte aliança de uma pequena parte da sociedade civil
defensora do ensino doméstico, a exemplo da abertura de uma frente parlamentar em defesa
da educação domiciliar, na Câmara dos Deputados, no ano de 2019. As análises dos projetos
de lei evidenciam lacunas de pontos fundamentais da redação de tais projetos, como, por
exemplo, aspectos relativos à fiscalização dos que praticam o ensino em casa e a falta de
mecanismos claros para tornar o homeschooling uma modalidade de ensino válido ao projeto
de educação vigente no país. Os dados indicaram que a busca pela regulamentação do ensino
domiciliar no Brasil diz respeito ao interesse de um grupo pequeno que busca tensionar os
limites do âmbito público, representado pelo Estado, do âmbito privado, representado pelas
famílias e, ainda, põe em pauta o quão intervencionista o Estado pode ou não pode ser na
formação das novas gerações.