A COVID-19 é uma doença que, eclodiu no final de dezembro 2019 na China e tornou-se uma pandemia sem precedentes em março de 2020 até os dias atuais. Preocupa-se o fato da COVID-19 ser uma doença que causa deficiência, principalmente, das funções do sistema cardiorrespiratório e, de acordo, com a gravidade clínica apresentada, pode ocorrer déficit da função muscular respiratória e da tolerância ao exercício, causando limitações que incluem dificuldades na realização de atividades básicas diárias. Objetivo: avaliar a função cardiopulmonar de pacientes sobreviventes à COVID-19 em reabilitação ambulatorial no município de Santarém. Material e Método: Após submissão e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, foi realizado um estudo analítico-descritivo, longitudinal prospectivo, quantitativo e de interferência intervencional clínica. Foi realizado uma avaliação composta por: entrevista através de questionário pré-estabelecido; prova de função pulmonar através da espirometria; teste do degrau de seis minutos (TD6), além das escalas de dispneia (Medical Research Council - MRC) e de percepção subjetiva de esforço (Escala de Borg). As análises estatísticas foram feitas no software Microsoft Excel 2010 e no software R. Resultados e Discussão: A amostra foi composta por 30 voluntários acometidos pela COVID-19 em fase de reabilitação ambulatorial, onde o sexo masculino foi prevalente (73%), a média de idade foi 53 ± 13 anos, com faixa etária predominante de 56 a 75 anos, 60% apresentaram a doença em sua forma grave. Avaliou-se que as comorbidades compensadamente controladas não são fatores de risco para a gravidade da doença. Assim como não se teve relação de idade e gênero com o desfecho da doença, o que sugere que qualquer pessoa tem predisposição a infecção da COVID-19. Os primeiros sintomas da doença não definiram nem apresentaram relação com o histórico de internação, tornando-se imprevisível a estabilidade do paciente durante o curso da doença. Em contrapartida, o comprometimento pulmonar através da tomografia de tórax e o histórico de internação geraram forte impacto com o suporte ventilatório utilizado, onde a terapêutica para suporte respiratório e o tempo de internação estavam diretamente relacionados à gravidade da doença. A espirometria como critério avaliativo para a reabilitação ambulatorial demonstrou valores inferiores aos normais de referência após a COVID-19, evidenciando distúrbios restritivos. As escalas de funcionalidade pós reabilitaçãambulatorial demonstraram grau leve da MRC, alterações de comportamento cognitivo na categoria 6 da MIF. Quando avaliado o TD6, variáveis como idade, sexo e ∆FC são as que explicam, em parte, o número de degraus subidos e, geralmente, elas são preditoras para os testes de capacidade física em outros testes de capacidade física. E como esperado, a diminuição do desempenho do TD6 com o envelhecimento estão fortemente associados, uma vez que com o avançar da idade há a redução na capacidade física. Considerações finais: Os pacientes deste estudo são os sobreviventes das duas primeiras fortes ondas da doença. No cenário atual, mesmo com a disponibilização da vacinação em massa, com redução expressiva do número de casos, internações e óbitos, já se viveu a terceira onda. Logo, é preciso manter o estado de alerta a fim de evitar a agudização dessa grave doença e desenvolver cada vez mais estudos para contê-la, inclusive para acolher os sobreviventes das primeiras ondas, pois cada vez mais se fortalece a premissa da síndrome pós-COVID-19, causando inúmeras limitações funcionais e transtornos para a saúde pública a longo prazo. Torna-se fundamental, em uma boa avaliação cardiopulmonar, a inclusão e associação de testes de capacidade física às provas de função pulmonar, a fim de se manter o acompanhamento desses pacientes bem como mensurar o impacto funcional com o decorrer do tempo pós infecção aguda da doença.