Pectis elongata Kunth, é uma planta herbácea, conhecida no Norte do Brasil como "cuminho-bravo", "alecrim limão" ou "alecrim-bravo". É uma espécie rica em óleo essencial, que apresenta como constituinte majoritário o citral; componente com reconhecidas propriedades farmacológicas. No entanto, sabe-se que óleos essenciais apresentam baixa solubilidade e alta volatilidade, limitando o uso como agente terapêutico. Dessa forma, a inserção de óleos essenciais em sistemas nanoestruturados, tais como nanoemulsões, pode configurar uma alternativa promissora para contornar as limitações relacionadas à sua utilização. No presente estudo, nossa proposta foi avaliar a eficiência do processo de nanoemulsificação do óleo essencial de P. elongata sobre a retenção de seus principais constituintes voláteis, bem como sobre suas propriedades antimicrobiana, anti-inflamatória e estimulante do processo cicatricial de feridas cutâneas. Para isso, na primeira etapa, após a obtenção do óleo essencial por hidrodestilação, realizou-se o processo de nanoemulsificação utilizando o método de baixo aporte de energia e Tween80 como surfactante, resultando em partículas com tamanho nanométrico (109,7 ± 1,4 nm), baixo índice de polidispersão (0,182 ± 0,00) e potencial zeta negativo (-32,3 ± 1,2 mV). Estes resultados caracterizam-na como uma nanoemulsão com distribuição uniforme de tamanhos e forças de repulsão forte o suficiente para impedir a coalescência entre partículas; propriedades que garantem sua estabilidade física. Para investigar a proteção exercida pelo sistema nanoestruturado frente à volatilização dos principais componentes presentes no óleo essencial de P. elongata, determinamos a composição química do óleo livre e nanoemulsificado, utilizando técnicas de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Nesta etapa, as amostras foram armazenadas sob temperatura de 25°C, durante o período de 12 meses, sendo as análises químicas das nanoemulsões realizadas nos tempos 0, 7, 15, 60 e 360 dias pós-preparo. Os resultados apontaram o citral como constituinte majoritário para todas as amostras analisadas onde, no óleo livre, a concentração deste composto foi determinada em 92,5%; e no sistema nanoestruturado, nos tempos pós-preparo citados, a concentração de citral foi determinada em 92,8%, 92,6%, 90,8,0%, 95,7% e 78,9%, respectivamente. Na etapa seguinte, utilizamos o método de microdiluição em caldo para determinar a Concentração inibitòria Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) do óleo essencial nanoestruturado, frente à bactérias de interesse em saúde pública, que interferem no processo de cicatrização de feridas cutâneas. As cepas padrões selecionadas para estudo foram: Streptococcus pyogenes S012, Staphylococcus epidermidis S010 e Staphylococcus aureus S008. Neste teste, optou-se por avaliar o potencial antimicrobiano de nanoemulsões estocadas a 25°C, nos tempos iniciais e finais do período de armazenamento (0 e 360 dias, respectivamente). Verificou-se não haver perdas significativas de seu potencial antimicrobiano após 360 dias de armazenamento. Por fim, a atividade anti-inflamatória foi avaliada pelo teste de edema de pata induzido por carragenina, e o potencial estimulante do processo cicatricial foi avaliado sobre feridas cutâneas induzidas por incisão cirúrgica. A atividade antiinflamatória da nanoemulsão foi observada somente para a dose de 10 mg mL-1, apresentando redução significativa do edema, quando comparado ao controle negativo (água destilada). Já nos resultados da cicatrização, não foram observados nenhum aumento significativo no porcentual de contração de feridas, quando comparadas ao controle negativo (solução salina estéril). A partir destes resultados, é possível sugerir que o processo de nanoestruturação do óleo essencial de P. Elongata, utilizando a técnica de baixo aporte de energia, foi capaz de produzir uma nanoemulsão fisicamente estável, apresentando eficácia tanto em manter suas propriedades químicas, quanto em preservar suas propriedades biológicas, inibindo o crescimento de microorganismos e modulando a resposta inflamatória induzida por carragenina. Por outro lado, nas concentrações avaliadas, a nanoemulsão não foi capaz de acelerar o processo de contração de feridas cutâneas.