Esta pesquisa modula-se à luz de uma problemática que surgiu a partir de uma inquietação
pessoal, de uma aflição que amedronta todo aquele que se dedica profundamente a uma
profissão na área educacional. Esse questionamento surgiu quando nos referimos a isto ou
àquilo específicos da profissão de professor. No tocante ao nosso caso são as práticas avaliativas
do professor que nos preocupa, mais precisamente, acentua-se o seguinte questionamento: quais
avaliações devem ser aplicadas com métodos e técnicas de ensino que não sejam coloniais?. É
a avaliação que nos perturba; a definição da prática a ser seguida nas escolas, além do modus
operandi do docente em sala de aula. Todas essas questões são de extrema importância e são
necessárias ao trabalho docente, logo é devido ao professor que se devem essas preocupações
e todas as outras que aparecem no cotidiano escolar. Para tanto, o que nos incomoda é que,
percebamos ou não, a cada professor que cruza a porta da sala de aula essa questão é
vislumbrada: quais os sentidos da decolonialidade nas práticas docentes dos professores, apesar
do contexto da colonialidade imposto no Ensino Médio público brasileiro, na atualidade?
Assim, a compreendemos como uma questão tradicional, visto que se dirige aos fundamentos
daquilo que acreditamos ser. Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e
documental, com investigação teórica bibliográfica direcionada para o campo das teorias pós-
críticas, nas quais a questão principal faz-se presente no título, visto que investigamos o ofício
de professor em relação ao estudo da decolonialidade e o seu desdobramento disciplinar nas
práticas avaliativas, isto é, em sala de aula. Esses aspectos não se opõem, são, pelo contrário,
interligados. Para atingir este objetivo geral dispusemos o nosso escrito dividido em quatro
seções, todas elas dissertativas e divididas por subseções, nas quais discutimos,
sequencialmente, mediante as seguintes etapas de investigação: revisão bibliográfica, estudo
documental e realização de entrevistas. Como fundamento teórico, problematizamos Aníbal
Quijano (2007, 2012), Catherine Walsh (2013), Cipriano Luckesi (2005), José Carlos Libâneo
(1994), Nelson Maldonado-Torres (2012) e Walter Mignolo (2008), e dentre outros autores e
parâmetros curriculares nacionais que contribuíram para esta pesquisa. Se há a decolonialidade,
ou algo possível, não se esgotam as possibilidades de um fazer docente mais consciente, visando
um mundo mais benevolente e dinâmico. Com a análise profunda dos documentos que regem
à educação brasileira, especialmente no tocante à prática avaliativa dos docentes, como um
estudo de mecanismos didáticos, além da observação in loco que possibilite uma melhor
conclusão posterior à pesquisa bibliográfica, esta pesquisa embasa-se em entrevistas
semiestruturadas, isto é, na aplicação de questionários realizados com professores de duas
escolas da cidade de Mossoró/RN, uma na zona urbana e a outra na zona rural. Outrossim, as
vias interpretativa, investigativa e análise discursiva foram fundamentais para mostrar uma
explicação plausível das práticas avaliativas do docente em seu ambiente da linguagem
formativa. A colonialidade pode ser superada pela compreensão de que o ser humano, por si
próprio, pode ter uma linguagem transformadora e íntima. Nós, docentes da educação básica,
temos a responsabilidade ética para com a reinterpretação das nossas ações avaliativas. Nesse
sentido, podemos construir uma educação mais crítica-reflexiva e decolonial em nosso fazer
profissional, como mediadores da informação e da escolarização. Aconselha-se abrir os olhos
para novas ponderações sobre a concretização da decolonialidade, bem como sobre o
desenvolvimento integral do professor para a prática avaliativa mais humanizada na educação
básica, de modo que o exercício profissional acompanhe o despontar decolonial que se
apresenta na pesquisa contemporânea e na ação educativa de um país colonizado.