O cotidiano da gestão escolar, vinculada às relações hierárquicas estabelecidas no
campo da escola pública, pode revelar traços inerentes à atuação gestora e às intencionalidades
da execução do poder nesta esfera. Nesse sentido, a nossa pesquisa tem o objetivo de analisar
as relações de poder constituídas entre diretores e docentes nas escolas públicas do município
de Mossoró/RN, considerando os fatores de produção que caracterizam a gestão escolar na
educação pública. Dialogamos com um aporte teórico, intencionando tecer as discussões
necessárias a este estudo, conforme o pensamento de Ball (2005), discutindo a inserção das
práticas gerencialistas na educação como forma de exercer o poder; de Deleuze (1992),
abordando a respeito dos artifícios gerados para se obter a disciplina e o controle, os quais se
integram ao campo educacional; de Foucault (2001, 2009), considerando o seu pensamento
sobre o sujeito e o poder como base epistemológica, no intuito de endossar as discussões tecidas
em torno dos participantes da pesquisa; e de Libâneo (2008), refletindo sobre as características
de uma gestão democrática. Para tanto, realizamos uma análise documental (GIL, 2008), bem
como a aplicação de uma entrevista semiestruturada aos professores selecionados (TRIVIÑOS,
1987). Os resultados mostram que a legislação local de Mossoró/RN defende ideologias
neoliberais no âmbito da educação e, principalmente, para a gestão escolar da rede municipal.
No tocante às entrevistas semiestruturadas, percebemos, nas falas, o resgate dos impasses
vivenciados pelos sujeitos acerca das relações de poder experienciadas no cotidiano, resgatando
elementos que traduzem uma realidade encoberta e regida pelo elemento gerencial como
instrumento de manobra das escolas e, portanto, próprio da cultura organizacional da rede
municipal de ensino mossoroense, contrapondo-se aos ideais da gestão democrática.