Este trabalho tem como objetivo descrever as grafias etimológicas e pseudoetimológicas em cartas pessoais dos séculos XIX e XX, o que pode colaborar para a caracterização do nível de familiaridade dos escreventes com a habilidade da escrita. A verificação das taxas de erros e de acertos é um método capaz de contribuir para identificação de seus perfis e, mais especificamente, dos seus níveis de letramento. Foi calculado o uso de etimologias, como marca de uma norma culta escrita, através da metodologia proposta por Barbosa (2006) e Barbosa e Lima (2019), em documentos dos acervos Cartas particulares do Recôncavo da Bahia, Cartas para Severino Vieira, Cartas do Acervo Dr. João da Costa Pinto Victória e Cartas em Sisal. Este trabalho apresenta uma proposta, portanto, ainda pouco estudada na perspectiva do trabalho de constituição de corpora, no âmbito da Sociolinguística Histórica e da História Social da Cultura Escrita, campos que dialogam entre si. Os resultados da análise demonstram índices baixos de etimologização gráfica, assim como, de modo geral, poucos casos de pseudoetimologizações, uma vez que a maior parte dos escreventes estava inserida em redes de práticas de escrita da época.