Esta dissertação se insere na linha de pesquisa Literatura, Cultura e Representação, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e tem como temática a representação pós-colonial das identidades angolanas na literatura. Nossa hipótese é que, no contexto da obra Predadores, de Pepetela, embora o colonialismo tenha sido superado com a independência de Angola do domínio colonial português em 1975, os efeitos negativos da colonização se manifestam nessa sociedade sob os aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e são incorporados nas identidades dos sujeitos que a compõe. Deste modo, a questão que norteia a pesquisa é: como se estabelecem as representações pós-coloniais das identidades angolanas no romance Predadores, de Pepetela? Temos como objetivo geral analisar, por meio de um estudo crítico das personagens, como as identidades angolanas são representadas nessa narrativa do escritor angolano. Para alcançarmos esse objetivo geral, elegemos os seguintes objetivos específicos: 1) estabelecer uma discussão acerca das representações das continuidades do momento colonial no pós-colonial em Predadores; 2) analisar as representações pós-coloniais dos sujeitos angolanos considerando os aspectos históricos, políticos e sociais e os contextos diversos em que se encontram na narrativa; 3) descrever como se estabelece a reprodução do discurso colonialista e a subversão pós-revolucionária do sujeito angolano na obra em questão. O aporte teórico que embasa o estudo é construído pelos pressupostos do pensamento pós-colonial (FANON 1968; CÁSAIRE,1978), das teorias pós-coloniais (BHABHA, 2019; SAID, 2011), do estudo das identidades (HALL, 2018, 2019; WOODWARD, 2004; ANDERSON, 2008) e crítica literária angolana (MATA, 2006, 2014; LEITE, 2003; ABDALA JÚNIOR, 2003; LARANJEIRAS, 1992). O corpus é composto pelo romance Predadores, de Pepetela, obra que representa e rememora aspectos históricos, políticos e sociais vivenciados pela população angolana entre os anos de 1975 a 2005, período que compreende o fim da colonização portuguesa e que aflora no país uma guerra entre os principais representantes da luta anticolonial, grupos com diferentes visões políticas. Do ponto de vista metodológico, assumimos para o desenvolvimento deste trabalho os protocolos da pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico e também analítico-crítico. Os resultados obtidos através da análise das personagens que compõem a trama apontam para composição de identidades plurais forjadas no contexto sócio-histórico complexo que contribuiu para a continuidade de estruturas coloniais mesmo após a independência do país do domínio colonial.