Os ésteres do ácido p-hidroxibenzóico são conservantes amplamente utilizados, pela
indústria, para alimentos e medicamentos, bem como para produtos de higiene pessoal,
cosméticos e perfumes (PHPCPs) e, pertencem à classe de contaminantes emergentes, com
capacidade de promover desregulação endócrina. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi
determinar parabenos em soro de voluntárias (n=20) que utilizavam PHPCPs, a fim de
avaliar se a exposição a hidratantes corporais aumenta a carga corpórea dessas substâncias
químicas, e assim, contribuir para a prevenção do aparecimento de efeitos tóxicos. Para
tanto, foi desenvolvido um método, empregando a técnica de microextração líquido-líquido
dispersiva (DLLME), para o preparo das amostras de hidratante corporal e soro. Os
hidratantes foram analisados por HPLC-UV, na faixa analítica de 0,1% a 0,8% (m/m),
abrangendo o limite máximo permitido, preconizado pela ANVISA, de 0,4% (m/m). Os
resultados encontrados demonstraram que o método para a determinação de parabenos em hidratantes foi linear, r2 > 0,99; preciso, cujo DPR variou de 4,6 a 10,1%, e exato, com ER
variando de -14,3 a 13,8%. Os limites de detecção (LoD) e quantificação (LoQ) foram
adequados para a finalidade do estudo, variando de 0,04 a 0,06% (m/m) e 0,09 a 0,10%
(m/m), respectivamente. Ademais, após a análise de formulações disponíveis no comércio
de Alfenas-MG (n=8), as concentrações encontradas variaram de 0,03% a 0,41% (m/m),
para o metilparabeno (MeP); e 0,02% a 0,26%, para o propilparabeno (PrP). As
concentrações médias para etilparabeno (EtP) e butilparabeno (BuP), ficaram abaixo do
LoQ. As amostras de soro, por sua vez, foram analisadas por LC-MS/MS, no intervalo de 10
a 100 μg L-1. Nesse caso, o método também apresentou linearidade, r2 > 0,99, precisão (DPR
variando de 0,32 a 13,79%) e exatidão (ER entre -11,31 a 24,53%), nas concentrações 10, 50
e 100 μg L-1. O LoD variou de 2,39 a 6,89 μg L-1 e o LoQ, de 7,24 a 20,86 μg L-1, sendo
assim, satisfatórios para a análise em questão. A concentração média de parabenos no soro
das voluntárias recrutadas para esse estudo, foi 236,82 μg L-1 na fase I, na qual elas
utilizaram hidratantes conforme sua preferência; 708,55 μg L-1, na fase II, na qual houve uso
de hidratante livre de parabenos; e 1194,96 μg L-1, na fase III, na qual foi utilizado
hidratante contendo parabenos. Assim, foi possível concluir que, a DLLME foi eficiente
para preparar ambas as amostras e pré-concentrar os analitos, no soro, além de ser uma
técnica prática e rápida, com utilização de pequenos volumes de reagentes e solventes,
dentro dos princípios da Química Verde. Ainda, os resultados demonstraram que os métodos
foram satisfatórios, em termos de eficiência de extração e detectabilidade dos analitos,
podendo ser aplicado na análise de parabenos, em controle de qualidade de formulações de
hidratantes corporais, bem como em análises de soro, de pessoas expostas ao xenobiótico.
Por fim, é possível sugerir que, existe uma relação entre o uso de hidratantes corporais e a
dose interna de parabenos, uma vez que houve diferença estatisticamente significativa entre
as concentrações desses xenobióticos, quando foram comparadas as medianas dos resultados
obtidos nas fases I e fase III (Teste Dunn, valor de p <0,05). Isso levanta uma importante
discussão sobre a absorção de substâncias químicas, a partir do uso de formulações
cosméticas e/ou de higiene pessoal, de aplicação tópica. Dessa maneira, o biomonitoramento
demonstrou ser uma importante ferramenta na avaliação do risco da exposição aos
xenobióticos presentes nos PHPCPs.