A tarifa branca e a mini e microgeração distribuída (MMGD), políticas vigentes de Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD) para consumidores cativos de energia elétrica, resultam em impactos técnicos e econômicos e necessitam ser continuamente avaliadas. O presente estudo analisa seus efeitos nos sistemas elétricos de distribuição. Para a análise dos impactos técnicos, a abordagem metodológica consiste no desenvolvimento de um ambiente de simulação, através do software OpenDSS, para a solução do problema de fluxo de potência, utilizando como insumo para a modelagem do problema parâmetros adaptados de um alimentador de distribuição em média tensão (MT) real. Para avaliar o desempenho do sistema elétrico, são considerados cenários com níveis distintos de adesão à tarifa branca, além da hipótese de modificação da relação entre as tarifas de ponta e fora de ponta, como forma de instigar a responsividade dos consumidores ao Programa de Resposta da Demanda (PRD). Para emular o comportamento do consumidor frente às diferentes sinalizações tarifárias adota-se uma Matriz de Elasticidade-Preço (MEP), formulada com base no conceito da elasticidade-preço da demanda de energia elétrica. De modo a avaliar a conjuntura instantânea do sistema, e os desafios futuros, a execução do trabalho contempla a evolução do consumo de energia elétrica e o aumento da penetração da MMGD na área de concessão da distribuidora detentora do alimentador estudado. Em todos os cenários simulados são realizadas avaliações, tanto do ponto de performance técnica do sistema de distribuição, quanto econômico, para a distribuidora e para os consumidores. Os resultados deste trabalho comprovam os potenciais benefícios sistêmicos provindos da tarifa com sinalização horária para o mercado de baixa tensão (BT), além das vantagens técnicas ofertadas à rede pela presença de fontes de suprimento próximas aos centros de carga. Foi verificado que a tarifa branca e a microgeração distribuída são políticas que realizam uma competição pelo mesmo mercado. Nesta competição, a microgeração coíbe o já limitado (em razão do tímido estímulo tarifário) aproveitamento do potencial da tarifação horária BT. Constata-se que, além de contribuir para o refreamento da popularização da tarifa branca, o próprio ato normativo vigente da MMGD, não obstante ter sido objeto de avanço no que diz respeito à sustentabilidade econômica do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE), não esteia a otimização do auxílio que prosumidores poderiam prover à operação de sistemas elétricos de distribuição. Assim, considerando a profusão da MMGD, além da importância da tarifação horária para a adequada integração dos recursos energéticos distribuídos (REDs), identifica-se a necessidade de aprimorar o estoque regulatório, em especial no que concerne a esquemas de tarifação de BT e à habilitação de novos modelos de negócios para unidades consumidoras (UCs) com MMGD, carga flexível (como veículos elétricos, por exemplo), e/ou dotadas de sistemas de armazenamento.