O mercúrio (Hg) é um metal pesado existente em diferentes formas químicas. O Metilmercúrio (MeHg) é a forma mais tóxica presente no ambiente capaz de causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central. Na bacia do Tapajós, a população está exposta ambientalmente aos efeitos tóxicos do Hg devido ao alto consumo de peixes contaminados com
MeHg. As células possuem mecanismos de defesa que conferem resistência aos efeitos tóxicos do MeHg. As enzimas glutationa (GSH) e metalotioneína (MT) são proteínas de baixo peso molecular que possuem função de remoção do MeHg e capacidade antioxidante atenuando os efeitos tóxicos que o MeHg pode causar. Deste modo, alterações genéticas nos genes das vias metabólicas da GSH e MT são fatores que tornam o indivíduo mais susceptível a manifestar os efeitos adversos do Hg. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito dos polimorfismos dos genes GCLC, GSR, MT2A sobre os níveis de Hg em 332 indivíduos residentes da região do Baixo Tapajós. Os níveis de Hg foram quantificados para cada participante e foram realizadas correlações com as variáveis idade, consumo de peixe, local de
moradia e nível de escolaridade. A genotipagem foi realizada através da técnica de PCR em tempo real utilizando a metodologia de ensaio de TaqMan para os seguintes polimorfismos rs17883901, rs8190955, rs28366003 dos genes GCLC, GRS e MT2A, respectivamente. Os resultados mostraram que 65,7% dos participantes foram considerados expostos e apresentaram os maiores níveis médios de Hg (53,9,5μg/L). Além disso, foi possível observar que os níveis
de Hg aumentaram com a idade (r2 = 0,37, p = 0,0001). Moradores da área ribeirinha têm níveis de Hg mais altos que os da área urbana (2 = 1,007; p = 0,3156) e que o nível de mercúrio é mais alto entre aqueles que consomem peixe frequentemente (2 = 8,627; p = 0,0033). Em relação as análises moleculares, os resultados mostraram que quando se considera a interação individual de cada polimorfismos dos genes GCLC, GSR e MT2A não é observado efeito sobre
o nível de Hg. Ao se realizar uma análise multivariada considerando a interação entre os genes e as variáveis local de residência, idade, frequência de consumo de peixe e escolaridade, foi possível observar que o modelo de exposição até 10μg/L apresentou efeito dos polimorfismos sobre os níveis de Hg. Como conclusão, fica evidenciado que diferentes fatores interferem sobre os níveis de Hg na amostra estudada, e no caso dos polimorfismos este efeito ficou mais evidente no subgrupo de baixa exposição.