Esta pesquisa inclui-se no campo da Análise do Discurso (AD) de vertente francesa à
luz das contribuições de Michel Foucault quanto aos estudos do discurso e às relações
de saber-poder e resistência. Nesse prisma, o objetivo desta pesquisa é analisar a
constituição ética que perpassa os discursos acerca do sujeito negro em relações de
saber/poder nos enunciados de perfis do Instagram, sobretudo, em relação ao Black
Lives Matter, o qual é uma campanha contra a violência direcionada aos negros e às
questões de discriminação racial. Deste modo, teremos como questão central: “Como
se dá a constituição ética dos sujeitos negros nas mídias sociais, vista a intrínseca
relação de saber-poder que os permeia?”. Inicialmente, retratamos a história da AD e
suas categorias de análise, seguido de uma abordagem sobre raça, racismo estrutural,
negritude, lugar de fala e interseccionalidade. Em relação aos procedimentos
metodológicos, percebemos que a pesquisa pertence ao método qualitativo de caráter
bibliográfico, interpretativo e crítico, bem como ao método arqueogenealógico, pois
trabalham com os mecanismos que auxiliam na construção de efeitos de sentido das
postagens realizadas na rede social Instagram. Assim, optamos por trabalhar
categorias como: “discurso”, “formação discursiva”, “memória discursiva”, “enunciado”,
“poder e resistência” e “ética”. Teremos como corpus 08 postagens, as quais trazem
enunciados verbais e imagéticos retiradas exclusivamente do Instagram, e que
circulam na mídia virtual. Em relação aos resultados, percebemos que a constítuição
ética dos sujeitos negros considerados a partir do viés das relações de saber-poder
ainda passa por diversas reformulações, e isso se dá, principalmente, pelos discursos
de ódio e do racismo estrutural que atingem a vida desses sujeitos pelo decorrer dos
séculos. Ademais, constatamos que, por meio da mídia, especificamente a digital,
esses corpos demostram empoderamento e resistência, lutando contra o racismo e
formulando discursos antirracistas. Destarte, podemos considerar que, apesar das
opressões e das violências, o sujeito negro emerge orgulhoso de sua pele e ocupa um
lugar social de porta-voz da resistência.