O cenário da educação brasileira, em especial o Ensino de Física, permite inferir que a estratégia de ensino frequentemente adotada por parte dos professores é voltada para a figura que detém o conhecimento, repassando aos alunos por meio de aulas expositivas. Estas estratégias dificultam a formação de um indivíduo autônomo capaz de atuar de forma crítica no meio em que vive, de enfrentar desafios do cotidiano e fazer escolhas. Buscando contribuir para um avanço neste cenário, a proposta deste trabalho se baseia em identificar as relações entre o Estilo Motivacional de Professores, por meio da implementação de Atividades Didáticas de Resolução de Problemas, e avaliar as relações deste constructo com os recursos de suporte à autonomia dos estudantes. Para tanto, ao se debruçar sobre os referenciais teóricos adotados, foram elaboradas sete Atividades Didáticas de Resolução de Problemas, as quais compõem o Produto Educacional, o qual visa propor situações focando na atuação do professor e em como ela pode influenciar o desempenho dos alunos, buscando promover recursos de suporte à autonomia dos
estudantes durante as aulas de Física. Dentre as atividades elaboradas, duas foram implementadas por dois professores de Física do Ensino Médio, em aulas da Educação Básica da rede estadual. A coleta de dados foi realizada por meio de observações, gravações de áudio, entrevistas e uso de escalas em formato likert, gerando análises qualitativas e quantitativas. Os resultados apontam que o Estilo Motivacional dos Professores se manteve durante a implementação das atividades, visto que o professor caracterizado como controlador demonstrou um nível mais alto de controle do que afirmou na autodeclaração. Em relação à percepção dos estudantes, é possível afirmar uma convergência com a hipótese inicial de que a adoção da perspectiva investigativa é capaz de favorecer níveis de motivação mais autodeterminados aos estudantes. O interesse pelas atividades foi elevado e os alunos notaram
que houve liberdade e responsabilidade para desenvolver as atividades, para ambas as turmas. Entretanto, em relação à percepção de controle, os alunos da professora caracterizada como controladora manifestaram sofrer mais ações de controle, como impor formas de resolução, controlar o tempo e atribuir uma nota para o desenvolvimento da atividade. Por fim, sobre os recursos de suporte à autonomia dos estudantes, foi possível verificar que a professora controladora enfatizou os recursos de suporte à autonomia organizacional apenas, enquanto o professor caracterizado como promotor de autonomia apresenta padrões mais ricos de recursos ao suporte à autonomia tanto organizacional como procedimental, e principalmente, cognitiva.