O suicídio é um fenômeno social complexo e multideterminado e representa um sério problema de saúde pública no cenário mundial. Objetivos: Caracterizar o perfil sociodemográfico e epidemiológico e compreender a continuidade do cuidado na rede de atenção à saúde mental das pessoas com tentativa ou ideação suicida após serem atendidas em um serviço de urgência e emergência. Método: Utiliza modalidades de pesquisa qualitativa e quantitativa. Inicialmente, foi realizado um estudo documental por meio da análise retrospectiva das fichas de atendimento de pacientes com tentativa ou ideação suicida. Posteriormente, uma pesquisa qualitativa com a finalidade de se obter informações sobre a condução dos casos após atendimento no serviço de urgência em emergência. A pesquisa foi desenvolvida no Pronto-Socorro de um Hospital Terciário do Centro Oeste Paulista, na especialidade de Psiquiatria. Para os dados quantitativos, foi selecionada a totalidade dos atendimentos nos meses de janeiro, maio e setembro de 2020, com vistas a obter uma amostragem geral dos atendimentos. Para os dados qualitativos, foram sorteadas fichas de atendimento dos meses selecionados e realizadas entrevistas. Resultados: na primeira etapa do estudo verificou-se que 40,6% dos participantes encontram-se na faixa etária entre 18 e 30 anos, 64,2% são do sexo feminino, 49,2% solteiros e 59,4% trabalham ou estudam. As queixas mais prevalentes foram ideação suicida (69%), sintomas depressivos (45,5%), tentativa de suicídio (40,6%) e uso abusivo de substâncias psicoativas (14,4%). Os transtornos mentais mais identificados foram os transtornos de personalidade (27,8%), humor (27,8%) e uso abusivo de substâncias psicoativas (17,6%). Na análise das entrevistas, foram identificadas as temáticas: dificuldade de acesso aos serviços; falta de adesão ao tratamento; recorrência das ideações/tentativas; e fatores de melhora. Conclusão: frente às características demográficas e epidemiológicas apresentadas, bem como às dificuldades enfrentadas por essas pessoas para a continuidade do tratamento, depreende-se que são necessários investimentos na rede de atenção à saúde mental, com vistas à definição de estratégias de enfrentamento desse grave problema de saúde pública, por meio de ações efetivas de prevenção e posvenção do suicídio.