Levando em consideração o quão importante é a manutenção e gerenciamento adequado dos
recursos hídricos, frente as mudanças climáticas e aos eventos extremos hidrometeorológicos.
O presente trabalho teve como objetivo realizar a análise de cenários críticos de estiagem por
meio da modelagem das condições hidráulicas do Rio Pirapó, no trecho compreendido entre a
nascente e a estação de captação de água de Maringá-PR, por meio do software HEC-RAS.
Para tanto, o mesmo foi dividido em quatro etapas: a primeira relativa a análise das estatísticas
descritivas das séries históricas de parâmetros hidrometeorológicos da área. A segunda, foi a
obtenção de índices de seca, a fim de avaliar o período de estiagem prolongado. A terceira
etapa, se refere a modelagem hidrológica da sub-bacia de influência e da modelagem hidráulica
do Rio Pirapó. Por fim, a quarta etapa, se refere a elaboração de possíveis cenários, e
probabilidades de possíveis eventos de escassez de água na captação para abastecimento da
cidade de Maringá, avaliando o estresse hídrico da sua bacia de influência levando em
consideração a situação hidrometeorológica de seca extrema. As séries de precipitações
apresentaram elevada variabilidade anual, maior dispersão de dados no período do inverno em
que as chuvas são mais amenas, ocorrendo períodos de estiagem seguidos de extremos de
precipitação. Este mesmo fenômeno ocorre com as vazões do Rio Pirapó, que se correlacionam
com a precipitação da bacia, porém acaba por apresentarem uma persistência temporal uma vez
que a recarga deste não é completa nos períodos de estiagem. Os índices e indicativos de seca,
relativos às precipitações o fenômeno de seca, demonstram aumento em frequência nos últimos
15 anos, e que as vazões no Rio Pirapó, durante os 32 anos de análise, apresentaram maior
percentual em estado de seca amena. Elencando os fatores hidroclimáticos indicadores de seca
foi possível identificar nove eventos, para serem modelados posteriormente pelos softwares
HEC-HMS e HEC-RAS. Utilizando de sensoriamento remoto, foi realizado a espacialização
das variáveis e o mapeamento da área. Foram ainda realizados levantamentos de campo,
monitoramento de vazão e de características da bacia para construção e calibração dos modelos
hidrológico e hidráulico. Foi selecionado o ano hidrológico de abril-2014 a abril-2015, para a
simulação da bacia no software HEC-HMS e as vazões do Rio Pirapó obtidas na estação
fluviométrica utilizadas como fator observado para validação. Com o modelo calibrado e
validado, foi realizada a modelagem hidráulica, iniciando-se com a correção das seções
transversais do canal, e tratadas com o modelo digital de elevações para correção de erros mais
grosseiros, seguindo para a estimativa de sua rugosidade, calibração, determinação de tempo
de cálculo para estabilidade do escoamento e validação. Foram simulados os meses de extrema
seca selecionados anteriormente e criados cenários de estiagem para o Rio Pirapó, avaliando a
capacidade do canal de suportar o estresse hídrico, e abastecer o município de Maringá. Foi
perceptível que em vazões abaixo de 9 m³ s-1
todo o perfil longitudinal do canal apresenta
situações de crise hídrica, bem como uma profundidade hidráulica extremamente baixa em
comparação a magnitude do canal. Estes efeitos impactam diretamente os usos múltiplos da
água, principalmente se tratando de uma bacia rural, em que com o estresse hídrico todo o ciclo
ecossistêmico de solo, vegetação e água, passa a sofrer com impactos negativos, que afetam
não só o ambiente natural, mas aqueles que utilizam da terra como subsistência. Portanto, deve
ser necessário a adoção de medidas alternativas para o abastecimento de Maringá, em situações
de mínima vazão, além do monitoramento ambiental tanto do Rio Pirapó, quanto de toda sua
bacia de influência.