O presente trabalho é fruto das experiências e vivências enquanto mulher negra, professora e educadora social, residente urbana e periférica na comunidade Nova Vida, na cidade de Mossoró-RN. Por meio da atuação como educadora social, tive a oportunidade de desenvolver diversos trabalhos com crianças, adolescentes e jovens, durante o período de 2016 a 2019. Nesse contexto, na realização das atividades e ações com a juventude, identificou-se uma grande quantidade de jovens que não se reconheciam como negros/as. E a partir dessas vivências surge a problematização desta pesquisa, com a seguinte questão: como se constitui a identidade negra dos jovens numa periferia de Mossoró-RN? Assim, o objetivo foi analisar como os/as jovens constroem a sua identidade negra a partir da educação, dentro da periferia. Para tanto, na perspectiva das relações étnico-raciais e do ensino antirracista na escola, utilizamos como base teórica Hall (2006) e Fanon (2008), que trazem contribuições sobre a construção de identidades negras; Candau (2007) abordando as questões do currículo e as imposições culturais sobre ele; Munanga (1994, 2003, 2005, 2006), que trata de discussões sobre racismo no ambiente escolar; Bento (2022), que trata do pacto da branquitude e seus privilégios; e Souza (1981), que trata o racismo como uma violência presente no cotidiano dos corpos negros. Metodologicamente, a abordagem da pesquisa é de natureza qualitativa, explicativa e de pesquisa-ação, caracterizada por meio da realização de oficinas de fanzine numa turma de 31 alunos de uma escola pública da periferia, bem como da aplicação de questionários semiestruturados para a geração de dados.