A implantação do setor sucroenergético no Brasil foi impulsionada por incentivos estatais, destacando-se políticas agrícolas como o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que promoveram a expansão de suas fronteiras. Atualmente, o país se destaca como o maior produtor e exportador mundial de açúcar, crescimento este oriundo da modernização do setor canavieiro, abrangendo desde o plantio até o processamento da cana-de-açúcar. Especificamente na região Noroeste do Paraná, a partir de 2008, observou-se a introdução de maquinário no plantio e colheita da cana, o que resultou na substituição e desemprego de muitos trabalhadores, gerando um cenário de desemprego estrutural. Diante disso, esta tese investiga os impactos socioeconômicos gerados por essa modernização. O estudo analisa as ações do Estado voltadas para a qualificação e realocação desses trabalhadores desempregados. O objetivo principal é comparar as políticas agrícolas voltadas para o setor sucroenergético com as políticas públicas realizadas para a qualificação da população, visando compreender os impactos socioeconômicos nessa região. Para isso, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre as políticas mencionadas, incluindo uma variedade de fontes como livros, teses, dissertações, artigos, sites, documentos oficiais e legislações pertinentes. Adicionalmente, conduzimos entrevistas com questionários semiestruturados junto aos responsáveis pela qualificação de trabalhadores em municípios onde a Coopcana atua: Tamboara, Paraíso do Norte e Paranavaí, para verificar como os cursos de qualificação estão sendo oferecidos a essa população. Paralelamente, entrevistamos 39 ex-cortadores (as) de cana-de-açúcar dessas cidades para identificar se participaram de cursos de qualificação e onde estão trabalhando atualmente. A pesquisa revelou que, enquanto um setor se expande com o apoio do Estado, uma parcela significativa da população permanece desqualificada, dificultando sua reinserção no mercado de trabalho. As políticas de qualificação implementadas tendem a ser compensatórias, focadas apenas em atender às demandas do mercado de trabalho vigente. Os cursos oferecidos nesses municípios, geralmente terceirizados ao Sistema ―S‖, não consideram as particularidades dos trabalhadores, especialmente os trabalhadores rurais. Os resultados apontam para a necessidade crítica de políticas públicas mais inclusivas e adaptadas às realidades locais, que não apenas atendam às demandas de um mercado em constante evolução, mas que também considerem as necessidades, habilidades e aspirações dos trabalhadores rurais afetados por essas mudanças. Este estudo, portanto, contribui para uma compreensão mais aprofundada dos desafios enfrentados por esses trabalhadores e enfatiza a importância de estratégias de desenvolvimento e qualificação que garantam não apenas o crescimento econômico, mas também a justiça social e a dignidade para todos os envolvidos.