Diante das problemáticas em torno da desigualdade social e do acesso à terra urbanizada e à moradia digna nas cidades, a alternativa de morar em assentamentos precários tem se ampliado nos países subdesenvolvidos, especialmente no Brasil, condicionando a população pobre ao contexto de segregação socioespacial. Com isso, esta pesquisa de dissertação tem como objetivo geral analisar as transformações socioespaciais nos assentamentos precários em Aracaju/SE no período de 1950 a 2019. Deste modo, buscou-se compreender o papel dos agentes modeladores do espaço urbano, especialmente o poder do Estado e dos excluídos, nos últimos setenta anos, em Aracaju através do processo de precarização da moradia que acompanhou a expansão urbana e marcou uma narrativa de distinção espacial onde os grupos sociais menos privilegiados foram sendo distribuídos em localizações desprovidas de infraestrutura formando uma periferia desassistida pelo poder público. Em contrapartida, as camadas mais privilegiadas se concentraram nas porções centrais, munidas de acesso aos serviços públicos e infraestrutura, apoiadas pela ação da iniciativa privada. De tal maneira, a zona norte evidenciou-se historicamente como a região com maior número de assentamentos precários, com destaque para os bairros Japãozinho, Lamarão, Porto D’antas, Soledade e Bugio, localizados nos limites com o município de Nossa Senhora do Socorro. Além disso, houve um destaque para os bairros Olaria na zona oeste, e no Santa Maria, zona sul, ambos nos limites com os municípios vizinhos a Aracaju, este último o bairro de maior quantidade de assentamentos precários. Assim, essa borda periférica se concretizou como resultado de políticas que privilegiam as localizações urbanas de maneira diferenciada partindo de sua possibilidade de apropriação do mercado imobiliário, deixando uma parcela importante da população desprovida de condições sociais básicas à uma vida na cidade com qualidade. Para realização deste, desenvolveu-se pesquisa bibliográfica e levantamento de informações em trabalhos realizados, bem como em órgãos oficiais, que demonstrou a dispersão de dados sobre a precariedade habitacional na capital. A partir disso foi possível construir uma linha do tempo acompanhada de cartografias que demonstram cronologicamente a espacialização dos assentamentos precários concomitantemente à ocupação urbana de Aracaju. Com isso, entende-se que essa pesquisa constituiu grande contribuição a esse tema, reunindo informações inéditas, e catalogando a linha do tempo dos assentamentos precários, resultando em uma visão bastante global do processo de segregação da pobreza em localizações periféricas na cidade.