Esta dissertação discorre sobre o papel do desenho na prática arquitetônica e urbanística, considerando a interdependência entre os procedimentos gráficos de representação do espaço e o uso social para negociá-lo. Discutimos a possibilidade de usos reflexivos e menos prescritivos do desenho no processo de projeto, com base nas abordagens críticas de Ola Söderström (1996, 2000) e Sérgio Ferro (2004, 2006, 2021). Ao explorarem o tema por uma perspectiva histórica e empírica, dando importância central aos atores, suas práticas e instrumentos, investigam como os arquitetos urbanistas elaboram seus discursos e racionalidades através da produção de desenhos. Com o intuito de observar experiências concretas sob esta perspectiva, rastreando os vieses e aberturas do desenho enquanto um modo de agir no espaço, foi adotado como estudo de caso a produção gráfica do arquiteto, urbanista e antropólogo Carlos Nelson Ferreira dos Santos em três experiências realizadas entre 1960 e 1980. A partir da análise do uso do desenho nestes projetos, concluímos este trabalho sistematizando um instrumental metodológico que pode subsidiar outras pesquisas focadas em investigar e desnaturalizar os modos hegemônicos de desenhar na arquitetura e no urbanismo.