O sistema viário, um dos elementos mais importantes no planejamento das cidades,
promove, na implantação da sua infraestrutura no território, o consumo de grande
quantidade de solo, o que gera a necessidade de planejar de forma eficiente os espaços
originados por ela. Um desses espaços, que tem um papel crítico em sua capacidade,
são as interseções viárias. É cada vez mais comum o uso de interseções viárias derivadas
das rotundas que definem, em seu espaço central, uma área, em geral, impedida à
circulação de veículos e sem acesso de pedestres, denominada de ilha. Esta dissertação
investiga as possibilidades de criar, em uma ilha central de interseção viária, um
espaço com qualidade que seja atrativo para a população e efetivamente apropriado
por ela, assim como identificar as motivações envolvidas na decisão dessa ocupação. A
partir da abordagem sobre as origens das rotundas, sua adaptação para as rotatórias e
a evolução do seu uso, com as interconexões, nas vias expressas, constitui-se um
referencial teórico, que permite identificar seus atributos e os desafios relacionados à
implantação de projetos nessa situação urbana singular. Em seguida são analisados
alguns projetos urbanos e de arquitetura, para identificar diferentes estratégias
utilizadas com o objetivo de potencializar o uso desses espaços, e a relação com as
diferentes escalas e os contextos onde estão inseridos. A análise do Trevo das
Palmeiras, localizado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, escolhido como caso
referência - onde se localizam atualmente o Terminal Rodoviário Alvorada e o centro
cultural Cidade das Artes - apresenta, também, os discursos dos agentes sociais
envolvidos na ocupação de sua ilha central ao longo do tempo, e aponta seus
equívocos, contradições e as consequências de suas decisões no espaço construído.