A presente dissertação partiu de inquietações quanto à possível regulamentação da Educação
Domiciliar no Brasil. Nas últimas décadas (século XXI), o movimento pela regulamentação
desta modalidade de ensino, que rejeita a frequência escolar, tem ganhado notoriedade e
ampliação no debate legislativo, através da tramitação de Projetos de Lei que
buscavam/buscam regulamentar a prática. Dentre os Projetos de Lei que buscam a
regulamentação da ED está o PL 3.179/2012, de autoria de Lincoln Portela – PR/MG, que
chegou a ser aprovado na Câmara dos Deputados e passou por um ciclo de debates no Senado
Federal. A temática vem sendo debatida em diversos espaços sociais, logo, compreende-se
que é de suma importância averiguar os fundamentos e argumentos presentes nessas
proposições. Isto posto, tem-se como objeto de pesquisa o movimento pela regulamentação da
Educação Domiciliar no Brasil e, como questão norteadora: Quais os fundamentos por trás do
movimento pela regulamentação da Educação Domiciliar no Brasil? Nesta direção, o objetivo
geral deste trabalho concentra-se em analisar o movimento pela regulamentação da Educação
Domiciliar no Brasil. Com intento de atingir o objetivo geral, estão postos os objetivos
específicos: a) Abordar o movimento pela Educação Domiciliar no Brasil; b) Identificar os
Projetos de Lei acerca da regulamentação da Educação Domiciliar em âmbito federal; e c)
Apontar limites e possibilidades do direito (à educação), tendo em vista a dicotomia escola x
Educação Domiciliar. O referencial teórico e metodológico é o Materialismo Histórico
Dialético, que sustenta a abordagem das categorias e concepções de direito, educação e
sociedade. Empiricamente, buscou-se analisar os Projetos de Lei que tramitam no Senado e na
Câmara dos Deputados com a pauta da Educação Domiciliar. Enquanto procedimentos
metodológicos, além da busca e análise dos PLs acerca da regulamentação da Educação
Domiciliar no Brasil em âmbito federal, procedeu-se a revisão da produção acadêmica, bem
como se pautou em alguns autores que defendem a modalidade, como é o caso de Zamboni
(2020) e Moreira (2017). O estudo realizado permitiu identificar, no que tange ao debate
acerca da regulamentação da Educação Domiciliar, algumas implicações, tais como: a questão
da educação enquanto direito público em contraposição à defesa do direito de escolha dos pais
(direito privado), bem como a presença de um discurso conservador para defender a
regulamentação da ED no Brasil. A partir dos dados da pesquisa: os Projetos de Lei, bem
como a análise do debate legislativo e do conteúdo do Projeto de Lei 3.179/2012, os
resultados da pesquisa apontam que o movimento pela regulamentação da Educação
Domiciliar no Brasil está ancorado na defesa do direito individual tendo por base a busca por
uma educação restrita e pautada nos valores morais e religiosos das famílias.