O fenômeno variável da relativização é estudado no Brasil desde a década de 1970,
com a pesquisa pioneira de Mollica (1977). No entanto, poucas foram as pesquisas
empreendidas no estado do Ceará em relação às estratégias de relativização. As
poucas existentes restringem-se à capital cearense, de modo que não encontramos
nenhuma pesquisa que se debruçou sobre o fenômeno em discussão no interior do
estado. Assim, com o intuito de amenizar uma lacuna nos estudos voltados para as
estratégias de relativização no interior do Ceará, este trabalho tem como objetivo
apresentar uma análise dos fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam o
fenômeno variável da relativização em contexto de sintagma preposicionado no
português falado em Canindé - CE. Por meio de entrevistas sociolinguísticas do tipo
DID (Diálogo entre Informante e Documentador), realizadas com 36 informantes de
Canindé -CE, estratificados de acordo com o sexo (masculino e feminino), com a faixa
etária (I- 18 a 29 anos, II-30 a 49 anos e III- 50 anos em diante) e com a escolaridade
(A- Ensino Fundamental, B- Ensino Médio, C- Ensino Superior), foram catalogadas
230 ocorrências de orações relativas, a saber: 18 relativas copiadoras (7,8%), 19
relativas-padrão (8,3%) e 193 relativas cortadoras (83,9%). Através do tratamento
estatístico efetuado com o auxílio do programa computacional Jamovi (versão 2.3),
utilizando o nível de significância de 0,05, no teste de qui-quadrado, para a para a
seleção das variáveis independentes significativas, observou-se que o fenômeno
variável da relativização, em Canindé - CE, é condicionado apenas por fatores
linguísticos. Por conta do considerável predomínio das ocorrências de relativas
cortadoras na fala dos jovens, conclui-se que há, na comunidade de fala analisada,
uma possível mudança em curso em favor da variante cortadora.