Diversos estudos na área do ensino têm apontado o entendimento da Natureza da Ciência (NdC) como elemento fundamental para o processo de Alfabetização Científica (AC) dos indivíduos. Em virtude disso, se faz necessário discutir sobre a ciência, seus processos de produção, comunicação e validação em todos os níveis educativos, o que inclui, a formação inicial de professores. Partindo desses pressupostos, essa pesquisa foi delineada a partir do seguinte questionamento: Há um processo de Alfabetização Científica, no que tange a Natureza da Ciência, sendo desenvolvido nos cursos de Licenciatura em Química do IFRN? Como ele se procede? Para isso, esse trabalho apresenta como objetivo geral compreender se tem sido desenvolvido um processo de Alfabetização Científica, no tocante ao entendimento da natureza da ciência, na formação inicial de professores de Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN e como ele está ocorrendo. Foi realizada uma pesquisa de métodos mistos, caráter exploratório e natureza básica. Os sujeitos da pesquisa foram professores formadores dos cursos de Licenciatura em Química do IFRN. O estudo foi desenvolvido em duas etapas: análise documental do PPC e a realização de entrevistas semiestruturadas com os professores. As informações obtidas foram analisadas mediante a análise de conteúdo associada ao software IRAMUTEQ. Os resultados oriundos da análise documental do PPC das licenciaturas apontaram para a presença de elementos que viabilizam a discussão sobre a AC, porém com algumas lacunas direcionadas ao eixo relativo à NdC, como a escassez de discussões dessa natureza nas disciplinas de caráter específico e a ausência de bibliografias relevantes no contexto da temática. Em relação às entrevistas, ficou perceptível que o termo “Natureza da Ciência” ainda não é muito claro para os professores, por mais que eles compreendam alguns elementos que dão subsídios a essa temática. Algumas práticas relatadas pelos professores como o uso de atividades investigativas, problematização e discussões sobre a história da ciência podem favorecer uma compreensão mais efetiva sobre a ciência. Contudo, são necessários avanços em relação a uma inserção mais concreta dessas discussões nos materiais didáticos e no currículo do curso, tendo em vista que foram dificuldades relatadas pelos docentes. Tais resultados, conduzem à reflexão acerca da importância de repensar os currículos de formação inicial de professores, de maneira a favorecer e ofertar subsídios para discussões efetivas sobre a ciência e seus processos, bem como buscar romper com visões equivocadas da ciência.